25 setembro 2005

Uma Viagem ao Umbral

Viagem ao Umbral
Extra Físico

Eram 03h30min da madrugada. Eu escrevi uma apostila do curso de experiências fora do corpo. O sono começou a me incomodar e resolvi ir deitar. Pensei em continuar a apostila durante o dia. Deitei-me ao lado de minha esposa, mas educadamente empurrei o corpo dela pra o canto da cama, pois já sei, que se fizer um trabalho energético muito perto, a incomodo, além de piorar, se eu por acaso encostar nela (dá uma fusão energética intensa e perco a projeção ou o momento da saída). Comecei a mobilizar as energias de forma intensa e pensei: "Eu vou ficar bem concentrado nisso até sair do corpo!" Senti uma dificuldade energética na área da garganta e fiz um estado vibracional** localizado, até que melhorou. Perdi a consciência depois de um tempo de exercícios energéticos. Minha consciência despertou ao lado de um espírito, que mexia nas minhas energias, acredito que por isso eu consegui abrir a lucidez naquele momento. O local era horrível, escuro, com barulhos de gritos que vinham de todo lado. O espírito amigo me disse: "Preste atenção! Estamos aqui para socorrer um amigo, ele se perdeu aqui e já é a quinta vez que tentamos tirá-lo desse lugar. Está vendo aquele ponto ali?" - Ele falou isso enquanto apontava para um tipo de amontoado de lama com madeira. Eu falei: "Vejo sim!""Você é o quinto projetor que pegamos e ninguém ainda conseguiu passar dali. Não ajude ninguém durante o caminho, não se concentre em nada. Você irá entrar disfarçado comigo, e se nos descobrirem, você irá acordar pensando que foi um pesadelo, e sentirá uma energia desagradável. É só você me seguir, pise onde eu pisar; é só seguir os meus passos. Eu, claro, depois dessa já estava olhando tudo com o máximo de atenção, e também com certo receio. Íamos andando a passos lentos, e ainda pensei: "Por que não voamos?"A resposta do espírito veio rápida na mente: "Voar? Estamos disfarçados!"Eu pisava exatamente onde ele pisava. Era uma lama, ele pisava e deixava um buraco. Reparei que a minha era roupa igual à dele: era marrom e eu usava uma bota. E fazia um barulho estranho a cada pisada, como se estivéssemos andando em um tipo de lama bem grossa. Eu olhava para todos os lados, com medo de algo pular em cima de nós, pois eu via cada cena horripilante. Teve uma hora em que pensei ter pisado numa poça de sangue com algo amarelo, simplesmente nojento. Chegamos ao ponto de onde os outros projetores não conseguiam passar, e reparei o motivo disso. Era um lugar onde havia muitos espíritos sofredores, jogados para todo lado. Em minha mente surgiu a resposta: eram espíritos que já tinham sido vampirizados até a última gota das suas energias, e estavam totalmente desfigurados. Alguns sem pernas. As suas faces, totalmente desfiguradas. Aquilo parecia um verdadeiro inferno. E os gritos? Choros, uns nem força tinham para gritar. Como existem lugares iguais a esse? - pensei. Mas é, na verdade o reflexo do próprio homem e seus desequilíbrios. Perdendo-me em pensamentos, durante um momento passei por um lugar, e acho que pisei em algum espírito, pois ele deu um grito forte. Eu me abaixei para ajudá-lo, e aí vi a bobagem que fiz. O espírito amigo ainda tentou me segurar, mas não deu tempo. Ouvi um grito alto, que me jogou uma energia densa, nesses termos: "Ô pra ti, ó!". E senti uma energia forte vindo de vários lugares. Pareceu ser um tipo de alarme. O amigo que vinha comigo não tinha sido identificado, eu era o alvo, pois tinha tentado ajudar alguém. De alguma forma, ao fazer aquilo, eu joguei uma energia diferente no ar, e isso causou uma repercussão no ambiente. Então vi meu amigo entrar em cena, começando a exteriorizar energias na direção dos agressores extrafísicos. Eram uns seis, no mínimo. Eu fiquei ali perto dele, quando o ouvi falar mentalmente: "Vamos lá, Doutor! Agora que vacilou, começa a ajudar na defesa energética." Então, eu levantei as mãos e comecei a ajudar. Comecei a me achar o máximo, pois vinha um dos espíritos, eu jogava uma energia e o cara voava longe (parecia cena de filme chinês de Kung-Fu). Começou a encher, chegavam mais e mais assediadores. Eu já não conseguia me defender direito e perdi a conta de quantos tinham; comecei a sentir uma agonia. Sentia uma energia forte me atingir, até impressão de falta de ar eu comecei a sentir. Até que meu amigo falou mentalmente: "É, vou ter que pedir ajuda. Segura as pontas aí!"Ele fechou os olhos por alguns segundos. De repente, senti uma energia forte varrer todo o local em que estávamos, e vi todos os espíritos baterem em retirada. Uma coisa incrível, simplesmente todos correram como que desesperados. Mas o que seria? Eu não conseguia ver também. Até que senti uma pequena mão pegar nas minhas. Quando olho para o meu lado, vejo uma menina que aparentava uns seis ou sete anos de idade. De olhos praticamente fechados (era o que parecia), ela saudou o amigo e imediatamente me puxou dali. Uma coisa maravilhosa me dominou. Pois eu saí de uma energia pesada e entrei num lugar muito lindo. Um tipo de jardim com bancos. Olhei para aquela menina e fui agradecer a bondade dela. Até então, não tinha caído a ficha de quem seria ela. Até a tratei como criança, agradecendo meio que brincando. Quando, então, a ouvi mentalmente falar, de forma muito calma e muito serena: "Ô Saulo! Sabe que vocês hoje tentaram socorrer um amigo da equipe que trabalhava nesses lugares. Ele se desequilibrou por causa de uma falha dentro dele mesmo, ele recebeu as energias dos seres daquele lugar, que o aprisionaram ali. Aquele rapaz que estava com você era um incansável amigo da equipe dele, que está tentando de toda forma tirá-lo dali. Aquela é uma zona de nível espiritual muito baixo. Esse rapaz que está preso lá, já esteve preso antes ali."Eu falei: "Tá me dizendo que tem um amparador extrafísico preso naquela região?""Não é bem isso", respondeu ela calmamente. "Ele é sim o que podemos chamar de amparador, mas tem seus defeitos também. Ele se desequilibrou, apesar dos cursos e da preparação que tinha. Isso acontece, às vezes, o que mostra que o equilíbrio está dentro de nós mesmos, não importando se mora lá embaixo ou aqui." Eu perguntei: "Diga-me uma coisa, como conseguiu fazer aquilo? Colocar todos para correrem?""Saulo, às vezes a energia aqui é como força física. Uma mente equilibrada sempre pode mais do que a força. Basta querer e se concentrar."E perguntei, novamente: "Desculpe-me perguntar, mas fico assustado ao ver uma menina de seis anos falar assim. Você é muito fofa, mas é óbvio que é uma amparadora. Por que está com forma de criança? Pergunto isso, pois, por coincidência, recentemente comentei isso com amigos." Ela respondeu: "Eu vou reencarnar em breve. Eu preciso já ficar na forma feminina, mas prefiro ficar como criança. As pessoas se desequilibram muito fácil, por causa do instinto humano, por isso prefiro ficar na forma de menina." Eu: "Vai reencarnar quando?" "Daqui a uns 25 anos, mais ou menos, disse ela."E isso é breve?", e dei uma boa risada. A conversa continuou durante um bom tempo, só que não me lembro de mais nada, além dessa minha risada. Lembro-me de abrir os olhos no corpo, onde fiquei imóvel na cama sabendo que tinha que me lembrar de algo. Logo me veio a imagem do local horrível. E começou a me chegar tudo o que escrevi acima. Porém, agora comecei a meditar nos acontecimentos. Como pode um amparador extrafísico ficar preso? Isso é muito intrigante, pois mostra que os amparadores também são falhos, mas é claro que existem milhares deles, e possivelmente, de alguma forma, ele foi levado para aquele desequilíbrio, que, infelizmente eu não pude ajudar. Fui avisado pelo amigo de que não podia ajudar ninguém na passagem, mas não entendi muito bem a mensagem. Realmente sinto muito por não ter conseguido ajudar. Meu coração se parte em dois pedaços, um pelo rapaz preso, e outro pelo empenhado amigo que não descansa, querendo socorrê-lo. Vou me colocar novamente à disposição dele, se precisar, e da próxima vez tentar ser mais equilibrado. Agora, a segunda parte foi formidável. Quem era aquela figura angelical? Que coisa mais linda! Agora que voltei ao corpo, percebo de forma clara com quem eu estava. E fico pensando: eu estava lá com o amigo exteriorizando energias com uma dificuldade incrível para se defender, então ela chegou e em um segundo todos correram. E me questiono: "Por que ela não vai pegar o cara lá que está preso? Imagino que ela seja muito sutil para isso, por isso eles têm que pegar os projetores astrais, devido à densidade das energias de seus corpos e do cordão de prata. Que coisa mais linda que ela era... Sabe, apesar de ela ser a criança, era eu que queria ser carregado no colo por ela (e quem não queria?) E a saudade que sinto dela agora? Um amor fora de série, mesmo sem já poder me conectar na energia que estava naquele momento. Agora me lembro que, enquanto ela me explicava as coisas, me travava com carinho, pegando em minha mão, olhando-me e se comunicando de forma muito lúcida. Percebi o quanto uma mente sadia é importante. Ela fez algo incrível. É até meio que vergonhoso, eu, um projetor, lá me esforçando na proteção energética, e chega uma criança e faz o trabalho meio que brincando. P.S.:Bem, hoje fiquei conectado com as energias dessa amparadora o dia todo.Pois é... Quanto a aprender, começo a perceber que a criança aqui sou eu...

Abraços. - Saulo Calderon -Salvador, 03 de fevereiro de 2005.Notas:

* Umbral Extrafísico: Plano astral atrasado; Plano espiritual inferior.
** Estado Vibracional: Aceleração das energias pela força da vontade, visando o desbloqueio energético e a mobilização e ativação dos chacras e das energias da aura.Ver nota de rodapé no meu texto "Projeção da Consciência e Assistência Interconsciencial", aqui mesmo nessa coluna.


http://www.ippb.org.br/modules.php?op=modload&name=News&file=article&sid=3785

24 setembro 2005

Biografia de André Luiz


André Luiz

O espírito que conhecemos como André Luiz, em sua última encarnação foi um médico brasileiro residente no Rio de Janeiro. Com bons conhecimentos científicos e grande capacidade de observação, foi-lhe permitido relatar, através do médium Francisco Cândido Xavier, suas experiências como desencarnado. Desejando manter o anonimato - possivelmente respeitando parentes ainda encarnados - quando questionado sobre seu nome, respondeu adotando o nome de um dos irmãos de Chico Xavier.
Alguns espíritas, talvez mais levados pela curiosidade do que por fins práticos, já criaram algumas hipóteses sobre a identificação do médico carioca desencarnado, mas são apenas especulações sem maior solidez ou confirmação pelo próprio André Luiz. O primeiro livro de André Luiz é de 1943. Neste livro ele descreve sua chegada ao plano espiritual, iniciando pelo período de perturbação imediato após a morte, seguindo pelo seu restabelecimento e primeiras atividades, até o momento em que se torna "cidadão" de "Nosso Lar", colônia espiritual que dá nome ao livro.
Seguem-se outras obras que descrevem experiências e estudos do autor no plano espiritual, que ao longo da obra vão cada vez mais sendo direcionados a tarefa de esclarecimento dos encarnados sobre as realidades do plano espiritual, através da mediunidade de Francisco Cândido Xavier (as datas são dos prefácios de Emmanuel):

Série André Luiz

Essa série é uma seqüência de 16 livros psicografados por Chico Xavier (em alguns houve parceria com o médium Waldo Vieira) com o espírito André Luiz, a partir do ano de 1944. A coleção também é conhecida por "Série Nosso Lar" e "A Vida no Mundo Espiritual".

Nosso Lar - 1943

Nesta obra, André Luiz apresenta Nosso Lar - uma colônia espiritual -, transmitindo suas observações e descobertas na mesma, atuando como um repórter que relata suas próprias experiências no plano espiritual. Em sua narrativa, destaca o encontro com a própria consciência como a maior surpresa diante da morte carnal.
O livro nos permite de certa forma antever o que poderá estar a nossa espera após abandonarmos o corpo carnal pela morte física, além de comprovar ser a Terra oficina sagrada onde o homem deve aprender a elevar-se, aproveitando dignamente a oportunidade que o Senhor lhe concedeu.

Os Mensageiros - 26 de fevereiro de 1944


Este livro revela que a morte física descortina a vida espiritual em contínua evolução. Relata as experiências de vários espíritos que reencarnaram com trabalhos programados, necessários aos seus próprios aprimoramentos. É evidenciada ainda a oportunidade de trabalho dos médiuns, alertando-os quanto à necessidade da prática dos ensinamentos na esfera íntima, a fim de se evitar o retorno ao plano espiritual sem o cumprimento dos compromissos assumidos. Em 51 capítulos, apresenta as experiências da vida comum de servidores do Espiritismo, elucidando temas como: culto doméstico, doutrinação, calúnia e pavor da morte.

Missionários da Luz - 13 de maio de 1945


André Luiz desvenda aqui os segredos da reencarnação, revelando a tarefa dos espíritos missionários encarregados do processo do renascimento. Em vinte capítulos, discorre sobre a continuação do aprendizado na vida espiritual, o perispírito como organização viva moldando as células materiais, a reencarnação orientada pelos espíritos superiores e aspectos diversos das manifestações mediúnicas.O livro ensina que a Providência Divina concede, sempre, ao homem, novos campos de trabalho, através da renovação incessante da vida por meio da reencarnação.

Obreiros da Vida Eterna - 25 de março de 1946


Em 20 capítulos, analisa a experiência dos espíritos no plano espiritual, apresentando o trabalho dos obreiros de Jesus Cristo na assistência cristã, lutando contra as trevas e o sofrimento, fornecendo também notícias das zonas de erraticidade que envolvem a crosta terrestre.
O livro objetiva mostrar que a morte não modifica milagrosamente o homem, que é fruto de si mesmo, no cumprimento das leis divinas, buscando equilíbrio e evolução.
"Ninguém morre. O aperfeiçoamento prossegue em toda parte. A vida renova, purifica e eleva os quadros múltiplos de seus servidores, conduzindo-os, vitoriosa e bela, à União Suprema com a Divindade."

No Mundo Maior - 25 de março de 1947


André Luiz focaliza aspectos da vida no mundo espiritual e da comunicação entre seres desencarnados e encarnados, especialmente durante o repouso do corpo físico. O autor espiritual fornece esclarecimentos sobre as causas do desequilíbrio da vida mental e apresenta os correspondentes tratamentos espirituais. Sob forma romanceada, analisa temas como aborto, epilepsia, esquizofrenia e mongolismo, destacando o socorro imediato prestado aos necessitados pelos trabalhadores espirituais, que evitam, o quanto possível, a loucura, o suicídio e os extremos desastres morais. O livro revela a importância do conhecimento científico, mas ressalta a supremacia da terapêutica do amor.

Agenda Cristã - 18 de junho de 1947


Pequeno curso de espiritualidade que André Luiz apresenta, não se tratando de presunçoso ementário de recomendações rigoristas. É mensagem amiga para companheiros que reclamam diretrizes dos espíritos, como se o verdadeiro trabalho salvacionista residisse fora deles mesmos. Ele apresenta a palavra do nosso plano de luta, onde aprendemos que o milagre da perfeição é obra de esforço, conhecimento, disciplina, elevação, serviço e aprimoramento no templo do próprio "eu". Não se trata, portanto, de manual pretensioso. Aqui o leitor observará somente a lembrança dos antigos ensinos do mestre Jesus Cristo, em novo acondicionamento verbal, de modo a recordarmos com ele que o reino divino - edificação de Deus no homem - em verdade jamais surgirá no mundo por aparências exteriores.

Libertação - 22 de fevereiro de 1949


André Luiz destaca o trabalho dos espíritos superiores no esforço de conversão ao bem do espírito Gregório, que culmina com o inesquecível reencontro com sua mãe, espírito de escol, rendendo-se ao chamamento irresistível do amor.O livro focaliza a senda evolutiva do ser além do corpo físico, objetivando esclarecer que "a cada um será dado de acordo com suas obras". A obra testifica ainda a misericórdia divina concedendo a todos abençoadas oportunidades de libertação pelo estudo, pelo trabalho, e pelo perseverante serviço na prática do bem.

Entre a Terra e o Céu - 23 de janeiro de 1954


Renovando seu interesse em nosso aprimoramento íntimo, André Luiz revela a história de Amaro, Zulmira e Odila, dentre outros, recuando nos acontecimentos de suas anteriores existências, desde a Guerra do Paraguai até os dias do Rio antigo. Em seu prefácio, Emmanuel nos assegura que "os quadros fundamentais da narrativa nos são intimamente familiares", como a tormenta do ciúme, as lutas cotidianas para aquisição do progresso moral e os desajustes em família.
Objetiva mostrar a vida comum das almas que aspiram à vitória sobre si mesmas, aproveitando o tempo para a aquisição do progresso moral.

Nos Domínios da Mediunidade - 3 de outubro de 1954


André Luiz analisa os vários aspectos da mediunidade, enaltecendo o esforço dos médiuns fiéis ao mandato espiritual recebido antes da reencarnação e advertindo sobre os riscos do intercâmbio mal conduzido entre os dois mundos. Trata da psicofonia, do sonambulismo, da possessão, da clarividência, da clariaudência, do desdobramento, da fascinação, da psicometria e da mediunidade de efeitos físicos, entre outros temas, objetivando ressaltar a importância da sintonia do pensamento no trabalho mediúnico.

Ação e Reação - 1 de janeiro de 1957


Aqui é encontrada uma descrição das regiões inferiores da esfera espiritual e do sofrimento a que se projeta a consciência culpada, após a morte do corpo físico. São apresentados estudos de casos reais, oferecendo orientações sobre o débito aliviado, a lei de causa e efeito, os preparativos para a reencarnação, os resgates coletivos e o valor da oração. O autor mostra-nos que as possibilidades na atual existência estão vinculadas às ações em existências passadas, do mesmo modo que as ações na atualidade condicionarão as possibilidades futuras.

Evolução em Dois Mundos - 21 de julho de 1958


Para estudar o processo evolutivo do ser, André Luiz alia os conceitos da ciência com a mensagem consoladora de Jesus reavivada pelo Espiritismo, oferecendo admirável estudo científico sobre o harmonioso elo existente na evolução da alma nos dois planos da vida: o mundo material e o mundo espiritual.Em sua primeira parte, trata do fluido cósmico, corpo espiritual, evolução e sexo, mediunidade, alma e reencarnação, dentre outros temas. Na segunda parte, através de perguntas e respostas, trata de questões como matrimônio e divórcio, gestação frustrada, determinação do sexo, aborto criminoso, dentre outros assuntos relevantes

Mecanismos da Mediunidade - 6 de agosto de 1959


Apresenta o estudo e a explicação espírita da mediunidade à luz da ciência. Oferece aos médiuns e estudiosos do tema os recursos para a compreensão de complexas questões da física e da fisiologia que, inteligentemente, vão sendo relacionados com os inúmeros aspectos da mediunidade. Destaca que, além dos conhecimentos necessários, surgem os impositivos da disciplina e da responsabilidade como fatores de aprimoramento das criaturas que se devotam ao intercâmbio com o mundo maior, dentro dos princípios do evangelho à luz da doutrina espírita.
Traz, em 26 capítulos, conceitos sobre energia, átomo, onda mental, química nuclear, reflexos condicionados, ideoplastia, psicometria e obsessão, dentre outros.

Conduta Espírita - 17 de janeiro de 1960


Coletânea de mensagens esclarecedoras que indicam como agir perante as múltiplas situações e opções que se apresentam na vida do homem. Nas palavras de Emmanuel: "abraçando o Espiritismo pedes, a cada passo, orientação para as atitudes que a vida te solicita (...) Não encontramos aqui páginas jactanciosas com a presunção de ensinar diretrizes de bom-tom, mas simples conjunto de lembretes para uso pessoal no caminho da experiência. (...) Assim, ler este livro equivale a ouvir um companheiro fiel ao bom senso. E, se o bom senso ajuda a discernir, quem aprende a discernir sabe sempre como deve fazer".
Preceitua ainda a necessidade de aperfeiçoamento, ressaltando que o exemplo digno é a base para toda e qualquer realização respeitável.

Sexo e Destino - 4 de julho de 1963


Que efeito terá para o espírito imortal em sua vida futura, em seu destino, suas experiências sexuais e sua conduta, quando encarnado?
Este livro objetiva afirmar a aplicação da lei de causa e efeito na retificação do caminho evolutivo. Apresenta 28 capítulos divididos em duas partes: a primeira, psicografada por Waldo Vieira e a segunda por Francisco Cândido Xavier. O leitor encontrará neste livro respostas às suas indagações sobre o relacionamento sexual humano, com as implicações na vida do espírito imortal, possibilitando-lhe que "aprenda com a biblioteca da experiência". Sexo e destino, amor e consciência, liberdade e compromisso, alcoolismo, culpa e resgate, lar e reencarnação são, dentre outros, os temas abordados nesta obra

Desobsessão - 2 de janeiro de 1964


Este livro presta valioso auxílio àqueles que se propõem a tratar, com a devida seriedade, em reuniões específicas do centro espírita, o grave problema da obsessão, que, como as mais diferentes e temíveis doenças do corpo físico, se constitui em flagelo da humanidade.
Objetiva ainda esclarecer que a desobsessão é trabalho de amor conjugado ao conhecimento dos princípios do Espiritismo, abordando temas que orientam os trabalhadores desde o preparo para uma reunião ao despertar, cuidados com a alimentação, superação de impedimentos, pontualidade, manifestações, passes, educação mediúnica, até o encerramento da reunião.

E a Vida Continua... - 18 de abril de 1968


Tem como tema principal a condição mental dos habitantes da espiritualidade, apresentando o retrato espiritual da criatura ao desencarnar, com o objetivo de demonstrar que a vivência dos habitantes do Além está relacionada com sua condição mental.
Ensina a prática do auto-exame na certeza de que a vida continua plena de esperança e trabalho, progresso e realização, ajustada às leis de Deus, com vistas a preparar cada alma para o que virá depois da morte. Em 26 capítulos, traz a história de personagens reais que, desencarnados, deparam-se com o amparo dos amigos espirituais, incentivando a renovação por intermédio do estudo e do trabalho, preparando-os para rever sua vida e traçar novas diretrizes

Respostas da Vida -21 de maio de 1975

Além destes livros, André Luiz, também participou de obras conjuntas com outros autores espirituais, principalmente Emmanuel. A relação abaixo, indica algumas destas obras (as datas são dos prefácios):
9 de outubro de 1961, O Espírito da Verdade, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
2 de julho de 1963, Opinião Espírita, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
11 de fevereiro de 1965, Estude e Viva, Emmanuel e André Luiz, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
15 de maio de 1965, Entre Irmãos de Outras Terras, Autores Diversos, médiuns Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira, FEB;
3 de junho de 1972, Mãos Marcadas, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, IDE;
3 de outubro de 1973, Astronautas do Além, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, J. Herculano Pires, GEEM
15 de maio de 1983, Os Dois Maiores Amores, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, GEEM
6 de agosto de 1987, Cura, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, G.E.E.M
17 de janeiro de 1989, Doutrina e Aplicação, Autores Diversos, médium Francisco Cândido Xavier, CEU;

A obra medíunica de André Luiz teve - e ainda tem - uma influência considerável sobre o movimento espírita. Suas descrições do plano espiritual - tornando mais preciso e detalhado nosso conhecimento do mesmo - estabeleceram novo patamar de compreensão da vida espiritual, também incentivaram a criação de instituições espíritas devotadas as atividades assistências e grupos de estudos inumeráveis. Por exemplo, temos as "Casas André Luiz" e o "Grupo Espírita Nosso Lar", que se dedicam ao atendimento de crianças deficientes; a "Casa Transitória Fabiano de Cristo", que se dedica ao atendimento de gestantes carentes; o grupo "Os Mensageiros" que se dedica a distribuição gratuita de mensagens espíritas; a própria Associação Médico-Espírita, que tem aprofundado o estudo das obras mediúnicas de André Luiz e suas relações com a prática médica.
É interessante observar que o primeiro livro de André Luiz causou grande impacto pela novidade de suas informações, alguns chegaram a contestar suas descrições de uma vida espiritual muito semelhante a que levamos na Terra, mas o acúmulo de evidências - deste mensagens descrevendo de modo fragmentário a vida espiritual, até obras completas de outros espíritos, por médiuns como Yvonne A. Pereira - provaram sua veracidade. O mais curioso é que descrições semelhantes já existiam desde os primeiros tempos do "Modern Spiritualism" - por exemplo, as que foram registradas por Andrew Jackson Davis (nasc. 1826 - desenc. 1910) - mas tinham caido no esquecimento.
BibliografiaAs Vidas de Chico Xavier, Marcel Souto Maior, Ed. Rocco; Chico Xavier - Mensageiro de Deus, Coleção Luzes do Caminho, Editora Escala; Ciclo de Estudos Sobre a Obra Evolução em Dois Mundos - Boletim Médico-Espírita número 5, Dr. Paulo Bearzoti, AME; História do Espiritismo, Arthur Connan Doyle, trad. Julio de Abreu Filho, Editora Pensamento; Lindos Casos de Francisco Cândido Xavier, Ramiro Gama, LAKE; Obras diversas de André Luiz;


http://www.saberespirita.com.br/livros.html


23 setembro 2005

Estudos Espíritas

Estudos Espíritas
A Necessidade de Amai-vos e Instrui-vos

Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar que estendas a mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.
Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instrui-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: "Irmãos! Nada perece. Jesus Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade. - O Espírito de Verdade. (Paris, 1860)”.[...]
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem-amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipa os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos as provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio Daquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade. - O Espírito de Verdade (Paris, 1861)." (Kardec, O Evangelho segundo o Espiritismo, 107. ed., p. 130-131).

Porque precisamos estudar ?

"[...] em qualquer setor de trabalho a ausência de estudo significa estagnação. Esse ou aquele cooperador que desistam de aprender, incorporando novos conhecimentos, condenam-se fatalmente às atividades de subnível [...]" (André Luiz, Nos domínios da mediunidade, 8. ed., p. 166).
"ESPIRITISMO E EDUCAÇÃO - Doutrina eminentemente racional, o Espiritismo dispõe de vigorosos recursos para a edificação do templo da educação, porquanto penetra nas raízes da vida, jornadeando com o espírito através dos tempos, de modo a elucidar recalques, neuroses, distonias que repontam desde os primeiros dias da conjuntura carnal, a se fizerem no carro somático para complexas provas ou expiações.
Considerando os fatores preponderantes como os secundários que atuam e desorganizam os implementos físicos e psíquicos, equaciona como problemas obsessivos às conjunturas em que padecem trânsfugas da responsabilidade, agora travestidos em roupagem nova, reencetando tarefas, repetindo experiências para a libertação.
A educação encontra no Espiritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor, através dos quais os tornam homens voltados para Deus, o bem e o próximo.”(Joanna de Angelis, Estudos espíritas, p.173)”.
- A alma humana poder-se-á elevar para Deus tão somente com o progresso moral sem os valores intelectivos?
- O sentimento e a sabedoria são as duas asas com que a alma se elevará para a perfeição infinita.
No círculo acanhado do orbe terrestre, ambos são classificados com adiantamento moral e adiantamento intelectual, mas, como estamos examinando os valores propriamente do mundo, em particular, devemos reconhecer que ambos são imprescindíveis ao progresso, sendo justo, porém, considerar a superioridade do primeiro sobre o segundo, porquanto a parte intelectual sem a moral pode oferecer numerosa perspectivas de queda, na repetição das experiências, enquanto que o avanço moral jamais será excessivo, representando o núcleo mais importante das energias evolutivas.

O que Estudar?

“No que diz respeito à Doutrina Espírita, cabe-nos a todos o dever de mergulhar o pensamento nas fontes lustrais do conhecimento, a fim de melhor entendermos os quesitos preciosos da existencia, simultaneamente, as leis preponderantes da Causalidade, de modo a podermos dirimir equívocos e dúvidas, colocando balizas demarcatorias no campo das conquistas pessoais, intransferíveis...”.

“Um quarto de hora, diariamente, dedicado ao estudo; Pequena página para reflexão, diuturnamente; Um conceito espírita como glossário para cada dia; Uma nótula retirada do contexto luminoso da Codificação para estruturar segurança em cada 24 horas; Uma noite por semana para o estudo espírita, no dia reservado ao Culto Evangélico do Lar, como currículo educativo; Uma pausa para a prece e singelo texto para vigilância espiritual, sempre que possível... Sim, todos podem realizar curso inadiável para promoção espiritual na escola terrestre. O estudo do Espiritismo, portanto, hoje como sempre é de imensurável significação. Estudar sempre e incessantemente a fim de amar com enobrecimento e liberdade”.(Joanna de Angelis, Celeiro de bênçãos, p. 33).

“Consagrar diariamente alguns minutos á leitura de obras edificantes, esquecendo os livros de natureza inferior, e preferindo, acima de tudo, os que, por alimento da própria alma, versem temas fundamentais da Doutrina Espírita”.

Luz ausente, treva presente.
Digerir primeiramente as obras fundamentais do Espiritismo, para entrar em seguida nos setores práticos, em particular no que diga respeito á mediunidade.

Teoria meditada, ação segura.
Disciplinar-se na leitura, no que concerne a horários e anotações, melhorando por si mesmo o próprio aproveitamento, não se cansando de repetir estudos para fixar o aprendizado.
Aprende mais, quem estuda melhor.”(André Luiz, Conduta Espírita, 15 ed., p.137-1 39)”.

O Estudo em grupo

“P - O estudo em grupo é hoje um método muito divulgado. Este método é vantajoso para o adolescente?”.
R - Tanto para os Jovens como para os adultos o estudo em grupo é o mais eficiente até porque nos não podemos esquecer que na base do Cristianismo, o próprio Jesus desistiu de agir sozinho, procurando agir em grupo. Ele reconheceu a sua missão divina, constituiu um grupo de doze companheiros para debater os assuntos relativos á doutrina salvadora do Cristianismo, que o Espiritismo hoje restaura, procurando imprimir naquelas mentes, vamos dizer, todo o programa que ainda hoje é programa para nossa vida, depois de quase vinte séculos. Programa de vivencia que nós estamos tentando conhecer e tanto quanto possível aplicar na Doutrina Espírita, no campo de nossas lides e lutas cotidianas.”(Emmanuel, A terra e o semeador, 6. ed., p. 80-81).

Aliar o estudo à prática

“Pelo menos uma vez por semana, cumprir o dever de dedicar-se á assistência, em favor dos irmãos menos felizes, visitando e distribuindo auxílios a enfermos e lares menos aquinhoados”.
Quem ajuda hoje, amanhã será ajudado. (André Luiz, Conduta espírita, 15. ed. P 53). =20 6 - Escola da alma
“[...] Estamos defrontados no Espiritismo por uma tarefa urgente: desentranhar o pensamento vivo de Allan Kardec dos princípios que lhe constituem a codificação doutrinaria, tanto quanto ele, Kardec, buscou desentranhar o pensamento vivo do Cristo dos ensinamentos contidos no Evangelho”.
Capacitemo-nos de que o estudo reclama esforço de equipe. E a vida em equipe é disciplina produtiva, com esquecimento de nos mesmos, em favor de todos.
Destacar a obra e olvidar-nos.
Compreender que realização e educação solicitam entendimento e apoio mútuo [...]
Somos trazidos á escola espírita, a fim de auxiliarmos e sermos auxiliados, no permute de experiências e na aquisição de conhecimento. [...].
Estudar para aprender. Aprender para trabalhar. Trabalhar para servir mais sempre.
Estude e viva.
Pense no valor de sua cooperação na melhoria e no engrandecimento da equipe de que participa, esteja ela constituída no templo doutrinário ou em seu culto doméstico de elevação espiritual.
Não esquecer que o seu auxílio ao grupo deve ser tão substancial e tão importante quanto o auxilio que o grupo está prestando a você.'' (Emmanuel e André Luiz, Estude e viva. 6. ed., p. 20-22).

O Estudo como propiciador da Reforma Íntima

"- Nenhuma tentativa para o reerguimento moral será eficiente se continuarmos presos á ignorância de nós mesmos! Será indispensável, primeiramente, averiguar quem somos, donde viemos e para onde iremos, a fim de que nos convençam do valor da nossa própria personalidade e a sua elevação nos dediquemos [...]." (Y A. Pereira, Memórias de um suicida, 18. ea., p. 468).

“Qual o meio pratico mais eficaz que tem o homem de se melhorar nesta vida e de resistir a atração do mal?”.
Um sábio da antiguidade vo-lo disse: "Conhece-te a ti mesmo".”(Kardec, O Livro dos Espíritos, 72. ed., perg. 919).

“Conhecemos toda a sabedoria desta máxima, porém há dificuldade precisamente em cada um conhecer-se a si mesmo. Qual o meio de consegui-lo?”.
“Fazei o que eu fazia, quando vivi na Terra: ao fim do dia. Interrogava a consciência, passava revista ao que fizera e perguntava a mim mesmo se não faltara a algum dever, se ninguém tivera motivo para de mim se queixar. Foi assim que cheguei a me conhecer e a ver o que em mim precisava de reforma. Aquele que, às noites, evocasse todas as ações que praticara durante o dia e inquirisse de si mesmo o bem e o mal que houvera feito, rogando a Deus e ao seu anjo de guarda esclarecessem, grande força adquiriria para se aperfeiçoar, porque, crede-me, Deus o assistiria. Dirigi, pois, a vos mesmos perguntas, interrogai-vos sobre o que tende feito e com que objetivo procedestes em tal ou tal circunstância, sobre se fizestes alguma coisa que, feita por outrem, censuraríeis, sobre se obrastes alguma ação que ousaríeis confessar. Perguntai ainda mais: Se aprouvesse a Deus chamar-me neste momento, teria que temer o olhar de alguém, ao entrar de novo no mundo dos Espíritos onde nada pode ser ocultado?"
“Aspiras a posse do conhecimento espírita evangélico?”.
Iniciemos o aprendizado pela reforma intima.
Disse Jesus: "O reino de Deus está dentro de vós"
Descobri-lo e estabelecer as vias de acesso para alcançá-lo depende de nós. (Emmanuel, No portal da luz, 3. ed., p. 15).

“Qual a maior necessidade do médium?”.
- A primeira necessidade do médium é evangelizar-se a si mesmo antes de se entregar às grandes tarefas doutrinarias, pois, de outro modo poderá esbarrar sempre com o fantasma do personalismo, em detrimento de sua missão.
Como iniciar o trabalho de iluminação da nossa própria alma?
- Esse esforço individual deve começar com o autodomínio, com a disciplina dos sentimentos egoísticos e inferiores, com o trabalho silencioso da criatura por exterminar as próprias paixões.”(Emmanuel, O consolador, 15. ed., perg. 387, 230)

“A AUTO-EDUCAÇÃO e’ um processo de busca da perfeição. Para nós, espíritas, não se trata de um processo ilusório, segundo aqueles que julgam ser inatingível a perfeição humana”.
Os espiritistas sabem que a perfeição, como a felicidade, não são para o nosso mundo. Mas sabem também, que não estaremos eternamente limitados às formas de vida da Terra. As vidas sucessivas são meios de aperfeiçoamento do Espírito, visando á libertação do ciclo das reencarnações.
A auto-educação, como empenho na afirmação de uma consciência sempre mais esclarecida e reta, corresponde ao esforço que o aprendiz emprega para melhorar-se e engrandecer-se espiritualmente
Ao exortar os seus discípulos a se tornarem perfeitos como o Pai Celestial, Jesus não exigia uma igualdade de perfeição com Deus. Indicava somente o dever do aperfeiçoamento, o caminho da evolução, ensino aplicável a todos nós, por extensão.
Hoje, sob a luz da Doutrina Espírita, a exortação do Mestre torna-se muito clara. O caminho para o Alto acha-se perfeitamente identificado pelos estudiosos com boa vontade.
Se não podemos atingir a perfeição relativa ao nosso Orbe em uma só vida teremos outras oportunidades. Nosso dever é o de aproveitar ao máximo cada encarnação.
A auto-educação é o meio para isso. O Consolador indica-nos as metas, caminhos, o programa a ser cumprido.
Deter-se na caminhada, perder tempo irrecuperável é retardamento da chegada, com mais trabalho, mais repetições, mais esforços, mais sofrimentos.


Fonte: http://www.espirito.org.br/portal/artigos/ednilsom-comunicacao/estudos-espiritas.html

Perfil e Obra


Perfil e Obra


O ano de 1944 marca a estréia de André Luiz no mercado editorial espírita brasileiro, revolucionando, de certo modo, a concepção geral acerca da vida pós-túmulo. "Nosso Lar" descreve as atividades de uma cidade espiritual próxima à Terra, e transforma-se em objeto de estudo, discussão e deslumbramento nos círculos espíritas do país.


Portas até então cerradas se abrem de par em par, revelando vida e trabalho, continuidade e justiça onde imperavam dúvidas e suposições.Todos querem saber mais sobre o autor.André Luiz não é o seu verdadeiro nome.Dele sabe-se apenas que foi médico sanitarista, no século iniciante, e que exerceu sua profissão no Rio de Janeiro, Brasil. Segundo suas próprias palavras, optou pelo anonimato, quando da decisão de enviar notícias do além-túmulo, por compreender que "a existência humana apresenta grande maioria de vasos frágeis, que não podem conter ainda toda a verdade". Declara Emmanuel, no prefácio de "Nosso Lar", que ele, "por trazer valiosas impressões aos companheiros do mundo, necessitou despojar-se de todas as convenções, inclusive a do próprio nome, para não ferir corações amados, envolvidos ainda nos velhos mantos da ilusão." Imensa curiosidade cerca a personalidade do benfeitor e aventam-se hipóteses, sem que se chegue à sua real identidade.André Luiz, no entanto, fiel ao desejo de servir sem láureas, e atento ao compromisso com a verdade, prossegue derramando bênçãos em forma de livros, sem curvar-se à curiosidade geral.Importa o que tem a dizer, de espírito à espírito.A vaidade do nome ou sagrações passadas já não encontram eco em seu coração lúcido e enobrecido.André Luiz foi, positivamente, dentre todos os Benfeitores que escreveram aos encarnados o que manteve fidelidade maior aos postulados espíritas, notadamente à Allan Kardec. O seu trabalho, no que concerne à forma e ao fundo, notabiliza-se em tudo pelo respeito e lealdade mantidos, ao longo do tempo, ao Codificador e à Codificação.Por mais de quatro décadas, André Luiz trabalhou ativamente junto a Seara Espírita, lhe exornando a excelência e clarificando caminhos. Chico Xavier, o médium que serviu de "ponte", hoje desencarnado, não pode mais oferecer mão segura à transmissão de seus ensinamentos luminosos.Não sabemos se André Luiz retornará pela mão de outro médium.Deste modo, resta apenas, aos espíritas e admiradores, o estudo de sua obra magnífica, calando interrogações para ater-se às lições ministradas, de mente despojada e coração agradecido.Como ele, certamente, aguarda seja feito.

(©Lori Marli dos Santos - Instituto André Luiz. Todos os direitos autorais reservados conforme Lei 9.610, de 19.02.98).

10 setembro 2005

Allan Kardec

ALLAN KARDEC

Hyppolyte Leon Denizard Rivail (Allan Kardec), nasceu em 3 de outubro de 1804, em Lion, França. Ele era filho de um juiz, Jean Baptiste-Antoine Rivail, e sua mãe chamava-se Jeanne Louise Duhamel.

O professor Rivail fez em Lion os seus primeiros estudos e completou em seguida a sua bagagem escolar, em Yverdun (Suíça), com o célebre professor Pestalozzi, de quem cedo se tornou um dos mais eminentes discípulos, colaborador inteligente e dedicado. Aplicou-se, de todo o coração, à propaganda do sistema de educação que exerceu tão grande influência sobre a reforma dos estudos na França e na Alemanha. Muitíssimas vezes, quando Pestalozzi era chamado pelos governos, para fundar institutos semelhantes ao de Yverdun, confiava a Denizard Rivail o encargo de o substituir na direção da sua escola. Lingüista insigne, conhecia a fundo e falava corretamente o alemão, o inglês, o italiano e o espanhol; conhecia também o holandês, e podia facilmente exprimir-se nesta língua. Membro de várias sociedades sábias, notadamente da Academia Real de Arras, foi autor de numerosas obras de educação, dentre as quais podemos citar:


- Plano Proposto para o Melhoramento da Instrução Pública (1828); - Curso Teórico e Prático de Aritmética, segundo o método Pestalozzi, para uso dos professores e mães de família (1829); - Gramática Francesa Clássica (1831); - Manual para Exames de Capacidade ; Soluções Racionais de Questões e problemas de Aritmética e Geometria (1846); - Catecismo Gramatical da Língua Francesa (1848); - Programas de cursos Ordinários de Física, Química, Astronomia e Fisiologia, que professava no Liceu Polimático; Ditados normais dos exames da Prefeitura e da Sorbone, acompanhados de Ditados especiais sobre as dificuldades ortográficas (1849).
Além das obras didáticas, Rivail também fazia contabilidade de casas comerciais, passando então a ter uma vida tranqüila em termos monetários. Seu nome era conhecido e respeitado e muitas de suas obras foram adotadas pela Universidade de França. No mundo literário, conhece a culta professora Amélia Gabrielle Boudet, com quem contrai matrimônio, no dia 6 de fevereiro de 1832.


Em 1854, através de um amigo chamado Fortier, o professor Denizard ouve falar pela primeira vez sobre os fenômenos das mesas girantes, em moda nos salões europeus, desde a explosão dos fenômenos espíritas em 1848, na cidadezinha de Hydesville nos Estados Unidos, com as irmãs Fox. No ano seguinte, se interessou mais pelo assunto, pois soube tratar-se de intervenção dos Espíritos, informação dada pelo sr. Carlotti, seu amigo há 25 anos. Depois de algum tempo, em maio de 1855, ele foi convidado para participar de uma dessas reuniões, pelo Sr. Pâtier, um homem muito sério e instruído. O professor era um grande estudioso do magnetismo e aceitou participar, pensando tratar-se de fenômenos ligados ao assunto. Após algumas sessões, começou a questionar para descobrir uma resposta lógica que pudesse explicar o fato de objetos inertes emitirem mensagens inteligentes. Admirava-se com as manifestações, pois parecia-lhe que por detrás delas havia uma causa inteligente responsável pelos movimentos. Resolveu investigar, pois desconfiou que atrás daqueles fenômenos estava como que a revelação de uma nova lei.





As "forças invisíveis" que se manifestavam nas sessões de mesas falantes diziam que eram as almas de homens que já haviam vivido na Terra. O Codificador intrigava-se mais e mais. Num desses trabalhos, uma mensagem foi destinada especificamente a ele. Um Espírito chamado Verdade disse-lhe que tinha uma importante missão a desenvolver. Daria vida a uma nova doutrina filosófica, científica e religiosa. Kardec afirmou que não se achava um homem digno de uma tarefa de tal envergadura, mas que sendo o escolhido, tudo faria para desempenhar com sucesso as obrigações de que fora incumbido.

Allan Kardec iniciou sua observação e estudo dos fenômenos espíritas, com o entusiasmo próprio das criaturas amadurecidas e racionais, mas sua primeira atitude é a de ceticismo: "Eu crerei quando vir, e quando conseguirem provar-me que uma mesa dispõe de cérebro e nervos, e que pode se tornar sonâmbula; até que isso se dê, dêem-me a permissão de não enxergar nisso mais que um conto para provocar o sono".

Depois da estranheza e da descrença inicial, Rivail começa a cogitar seriamente na validade de tais fenômenos e continua em seus estudos e observações, mais e mais convencido da seriedade do que estava presenciando. Eis o que ele nos relata: "De repente encontrava-me no meio de um fato esdrúxulo, contrário, à primeira vista, às leis da natureza, ocorrendo em presença de pessoas honradas e dignas de fé. Mas a idéia de uma mesa falante ainda não cabia em minha mente".

O desenvolvimento da Codificação Espírita basicamente teve início na residência da família Baudin, no ano de 1855. Na casa havia duas moças que eram médiuns. Tratava-se de Julie e Caroline Baudin, de 14 e 16 anos, respectivamente. Através da "cesta-pião", um mecanismo parecido com as mesas girantes, Kardec fazia perguntas aos Espíritos desencarnados, que as respondiam por meio da escrita mediúnica. À medida que as perguntas do professor iam sendo respondidas, ele percebia que ali se desenhava o corpo de uma doutrina e se preparou para publicar o que mais tarde se transformou na primeira obra da Codificação Espírita.

A forma pela qual os Espíritos se comunicavam no princípio era através da cesta-pião que tinha um lápis em seu centro. As mãos das médiuns eram colocadas nas bordas, de forma que os movimentos involuntários, provocados pelos Espíritos, produzissem a escrita. Com o tempo, a cesta foi substituída pelas mãos dos médiuns, dando origem à conhecida psicografia. Das consultas feitas aos Espíritos, nasceu "O Livro dos Espíritos", lançado em 18 de abril de 1857, descortinando para o mundo todo um horizonte de possibilidades no campo do conhecimento.

A partir daí, Allan Kardec dedicou-se intensivamente ao trabalho de expansão e divulgação da Boa Nova. Viajou 693 léguas, visitou vinte cidades e assistiu mais de 50 reuniões doutrinárias de Espiritismo.

Pelo seu profundo e inexcedível amor ao bem e à verdade, Allan Kardec edificou para todo o sempre o maior monumento de sabedoria que a Humanidade poderia ambicionar, desvendando os grandes mistérios da vida, do destino e da dor, pela compreensão racional e positiva das múltiplas existências, tudo à luz meridiana dos postulados do Cristianismo.

Filho de pais católicos, Allan Kardec foi criado no Protestantismo, mas não abraçou nenhuma dessas religiões, preferindo situar-se na posição de livre pensador e homem de análise. Compungia-lhe a rigidez do dogma que o afastava das concepções religiosas. O excessivo simbolismo das teologias e ortodoxias, tornava-o incompatível com os princípios da fé cega.

Situado nessa posição, em face de uma vida intelectual absorvente, foi o homem de ponderação, de caráter ilibado e de saber profundo, despertado para o exame das manifestações das chamadas mesas girantes. A esse tempo o mundo estava voltado, em sua curiosidade, para os inúmeros fatos psíquicos que, por toda a parte, se registravam e que, pouco depois, culminaram no advento da altamente consoladora doutrina que recebeu o nome de Espiritismo, tendo como seu codificador, o educador emérito e imortal de Lyon.

O Espiritismo não era, entretanto, criação do homem e sim uma revelação divina à Humanidade para a defesa dos postulados legados pelo Rabi da Galiléia, numa quadra em que o materialismo avassalador conquistava as mais brilhantes inteligências e os cérebros proeminentes da Europa e das Américas.

A codificação da Doutrina Espírita colocou Kardec na galeria dos grandes missionários e benfeitores da Humanidade. A sua obra é um acontecimento tão extraordinário como a Revolução Francesa. Esta estabeleceu os direitos do homem dentro da sociedade, aquela instituiu os liames do homem com o universo, deu-lhe as chaves dos mistérios que assoberbavam os homens, dentre eles o problema da chamada morte, os quais até então não haviam sido equacionados pelas religiões. A missão do mestre, como havia sido prognosticada pelo Espírito de Verdade, era de escolhos e perigos, pois ela não seria apenas de codificar, mas principalmente de abalar e transformar a Humanidade. A missão foi-lhe tão árdua que, em nota de 1o. de janeiro de 1867, Kardec referia-se as ingratidões de amigos, a ódios de inimigos, a injúrias e a calúnias de elementos fanatizados. Entretanto, ele jamais esmoreceu diante da tarefa.

O seu pseudônimo, Allan Kardec, tem a seguinte origem: Uma noite, o Espírito que se autodenominava Z, deu-lhe, por um médium, uma comunicação toda pessoal, na qual lhe dizia, entre outras coisas, tê-lo conhecido em uma precedente existência, quando, ao tempo dos Druidas, viviam juntos nas Gálias. Ele se chamava, então, Allan Kardec, e, como a amizade que lhe havia votado só fazia aumentar, prometia-lhe esse Espírito secundá-lo na tarefa muito importante a que ele era chamado, e que facilmente levaria a termo. No momento de publicar o Livro dos Espíritos, o autor ficou muito embaraçado em resolver como o assinaria, se com o seu nome -Denizard-Hippolyte-Léon Rivail, ou com um pseudônimo. Sendo o seu nome muito conhecido do mundo científico, em virtude dos seus trabalhos anteriores, e podendo originar uma confusão, talvez mesmo prejudicar o êxito do empreendimento, ele adotou o alvitre de o assinar com o nome de Allan Kardec, pseudônimo que adotou definitivamente.
Livros que escreveu :

O Livro dos Espíritos (1857)

O que é o Espiritismo (1959)

O Livro dos Médiuns (1861)

O Evangelho Segundo o Espiritismo (1864)

O Céu e o Inferno (1865)

A Gênese (1868)

Obras Póstumas (1890)

Em 1º de Janeiro de 1858 o missionário lionês publicou o primeiro número da Revista Espírita, que serviu como poderoso auxiliar para o desenvolvimento de seus trabalhos, trabalho que desenvolveu sem interrupção por 12 anos, até sua morte. Deve figurar na sua relação de obras, não só por ter estado sob sua direção até 1869, como também porque as suas páginas expressam o pensamento e a ação do Codificador do Espiritismo.

Em 1º de abril de 1858, Allan Kardec fundou a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas - SPEE, que tinha por objetivo o estudo de todos os fenômenos relativos às manifestações espíritas e suas aplicações às ciências morais, físicas, históricas e psicológicas.

De 1855 a 1869, Allan Kardec consagrou sua existência ao Espiritismo. Sob a assistência dos Espíritos Superiores, representando o Espírito de Verdade, estabeleceu a Doutrina Espírita e trouxe aos homens o Consolador Prometido.

O Codificador desencarnou em Paris, no dia 31 de março de 1869, aos 65 anos de idade. Em seu tumulo está escrito : "Nascer, Morrer, Renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei. "


Chico Xavier

CHICO XAVIER
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Francisco Cândido Xavier, mais conhecido por Chico Xavier, considerado o médium do século e o maior psicógrafo de todos os tempos, nasceu em Pedro Leopoldo, pequena cidade do estado de Minas Gerais, Brasil, no dia 2 de Abril de 1910.

Filho de um operário pobre e inculto, João Cândido Xavier, e de uma lavadeira chamada Maria João de Deus, falecida em 1915, quando o filhinho contava apenas com 5 anos de idade. Na altura tinha mais 8 irmãos, tendo todos sido distribuídos por vários familiares e pessoas amigas. Como órfão de mãe em tenra idade, sofreu muito em casa de pessoas de precária sensibilidade.

Aos nove anos seu pai, já casado novamente, empregou-o como aprendiz numa indústria de fiação e tecelagem. De manhã, até às 11 horas, freqüentava a escola primária pública, depois trabalhava na fábrica até às 2 horas da madrugada. Aprendeu mal a ler e a escrever. Quando concluiu o pequeno curso da escola pública empregou-se como caixeiro numa loja e mais tarde como ajudante de cozinha e café.

Em 1933 o Dr. Rômulo Joviano, administrado da Fazenda Modelo do Ministério da Agricultura, em Pedro Leopoldo, deu ao Jovem Xavier uma modesta função na Fazenda e lá se tornou um pequeno funcionário público em 1935, tendo trabalhado consecutivamente até finais dos anos cinqüenta, altura em que foi aposentado por invalidez (doença incurável nos olhos), com a categoria de escrevente datilógrafo . Não podemos deixar de registrar, sob pena de cometermos grave omissão, que durante as décadas que esteve ao serviço do Ministério da Agricultura, jamais -- não obstante a sua precária saúde e trabalho doutrinário, fora das horas de serviço -- deu uma única falta ou gozou qualquer tipo de licença, conforme documentos facultados pelo M. A. Em finais da mesma década de cinqüenta, vai residir em Uberaba - MG, por motivos de saúde e a conselho médico, onde permanece até hoje e apenas com a sua magra reforma (aposentadoria).

As suas faculdades mediúnicas são extraordinárias, Sua mediunidade (capacidade natural de ser intermediário entre o plano material e o plano espiritual) manifestou-se, quando tinha 4 anos de idade, pela clarividência e clariaudiência, pois via e ouvia os Espíritos e conversava com eles sem a mínima suspeita de que não fossem homens normais do nosso mundo. Já como jovem e depois como adulto, muitas vezes não diferencia de imediato os homens dos Espíritos. Aos 5 anos, já órfão de mãe, esta se manifestou várias vezes junto dele encorajando-o e dizendo-lhe que não poderia ir para casa porque estava em tratamento, mas que enviaria um bom anjo que juntaria novamente a família. Esse bom anjo foi a D. Cidália, a segunda esposa de João Xavier, que para casar com o seu pai fez questão de reunir todos os filhos do primeiro casamento e lhe daria depois mais cinco irmãos.

Quando tinha 17 anos, fundou-se o grupo espírita Luiz Gonzaga , onde rapidamente desenvolveu a psicografia, isto é, a faculdade de escrever mensagens dos Espíritos. Época em que se desligaria da Igreja Católica onde deu os primeiros passos na espiritualidade, mas onde não encontrava explicação para os fenômenos que se passavam com ele, designadamente a perseguição de espíritos inferiores de que era alvo. O padre que o ouvia nas confissões foi um conselheiro, um verdadeiro pai e não o dissuadiu do caminho que iniciou no Espiritismo, mas abençoou-o e nunca deixou de ser seu amigo.

No centro espírita começou a psicografar poemas notáveis de famosos poetas mortos, num nível literário tão elevado que os próprios companheiros do grupo não conseguiam atingir integralmente o seu conteúdo. Muitos desses poetas eram totalmente desconhecidos do meio, nomeadamente alguns portugueses: António Nobre, Antero de Quental, Guerra Junqueira e João de Deus. A 9 de Julho de 1932, seria publicada a célebre PARNASO DE ALÉM-TÚMULO, a sua primeira obra psicografada que iriam abalar os meios intelectuais do Brasil e tornar conhecida a pacata Pedro Leopoldo.

O estilo dos 56 poetas mortos, entre os quais vários portugueses, era precisamente idêntico ao estilo dos mesmos enquanto vivos, informavam os literatos das academias e universidades dos grandes centros culturais do Brasil, embora não soubessem explicar o fenômeno. Seria o início da sua imponente obra mediúnica que hoje já ultrapassa os 350 livros.

Bastava apenas um desses livros para constituir um roteiro seguro para o homem na Terra rumo à sua alforria, à sua felicidade. Seus ensinamentos revivem plenamente o Evangelho de Jesus e as lições do Consolador que Kardec -- o discípulo fiel de Jesus -- nos legou com tanto sacrifício e renúncia.

Mais de mil entidades espirituais nos deram informações através das suas abençoadas mãos, provando à saciedade a imortalidade do Espírito e a sua comunicabilidade com os homens. Mas falar de Chico Xavier é falar de EMMANUEL que indelevelmente estará ligado à sua missão. Esse venerando Espírito é o seu protetor espiritual e manifestou-se-lhe pela primeira vez de forma ostensiva em 1931, acompanhado-o desde então até hoje. A respeito desse Benfeitor espiritual nos diz o próprio médium: Lembro-me de que num dos primeiros contactos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e disse mais que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo.

Emmanuel propõe ainda ao jovem Xavier mais três condições para com ele trabalhar: 1ª condição, DISCIPLINA 2ª condição, DISCIPLINA, 3ª condição, DISCIPLINA.

Entre as muitas dezenas de obras mediúnicas de Emmanuel, destacamos os cinco documentos históricos, retirados dos arquivos do plano espiritual, que constituem autênticas obras primas de literatura, e que nos mostram o nascimento do cristianismo e a sua paulatina adulteração logo nos primeiros séculos da era. São os romances mediúnicos baseados em fatos verídicos: HÁ 2000 ANOS... (a autobiografia de Emmanuel, a história do orgulhoso senador romano Publico Lentulus), 50 ANOS DEPOIS, AVE, CRISTO, RENÚNCIA e PAULO E ESTEVÃO (a história de um coração extraordinário, que se levantou das lutas humanas para seguir os passos do Mestre, num esforço incessante). Esta última obra, de 553 paginas, por si só justificaria a missão mediúnica de Chico Xavier, segundo o erudito J. Herculano Pires. Em 1943 começara a utilizar a mediunidade do abnegado médium uma nova entidade espiritual que assinará as suas mensagens com o nome André Luiz.(...)

André Luiz é o pseudônimo utilizado por um espírito que foi médico e cientista na sua última existência e que desencarnou numa clínica do Rio de Janeiro pelo início da década de trinta. É considerado o verdadeiro repórter de além-túmulo. Relata-nos numa séria de 11 livros a experiência do seu pensamento, as dificuldades iniciais, o reencontro com familiares e conhecidos que o precederam na partida para o plano espiritual a observação e as expedições de estudo junto de Espíritos de elevada evolução. Esses relatos começam com o já célebre, livro NOSSO LAR (nome duma cidade do plano espiritual), hoje traduzido em vários idiomas, entre eles o Japonês e o Esperanto e que já vai na 40ª edição em Português, com 800.000 exemplares editados até hoje. Obra que também iriam causar e ainda causa uma certa polemica. Nessa série de reportagens a alma humana é profundamente escalpelizada, e onde se confirma na prática os ensinamentos que Jesus nos legou há dois milênios atrás e que Kardec relembra e amplia tão bem sob orientação do Espírito de Verdade. Um dia, no futuro, os médicos, os psicólogos, os sociólogos, etc., ficarão admirados pela sabedoria neles contida, que já no século XX se encontrava no Planeta, apontando diretrizes segura para a felicidade e paz entre os homens. A obra monumental de Chico Xavier que se considera, segundo suas próprias palavras: um servidor humilde -- humilde no sentido da desvalia pessoal , jamais serviu para beneficiar materialmente a sua pessoa. Todos os direitos autorais foram cedidos graciosamente a instituições espíritas, nomeadamente à Federação Espírita Brasileira, e a instituições de solidariedade social. Quando as autoridades públicas lhe concedem títulos de cidadania (mais de cem já lhe foram concedidos) diz que o mérito não é para ela, mas para os Espíritos e sobretudo para a Doutrina Espírita que revive os ensinamentos de Jesus na sua plenitude e que ele não passa de um poste obscuro para a colocação do aviso de que a Doutrina Espírita foi premiada com essas considerações públicas .

Há que registrar também que várias centenas de instituições de solidariedade social forma criadas e inspiradas no seu exemplo e obra: orfanatos, escolas para os pobres, lares de deficientes, sopas dos pobres, campanhas do quilo, ambulatórios médicos, alfabetização de adultos, bibliotecas, etc., etc. Antes de encerrarmos estas notas gostaríamos de registrar ainda o seu ponto de vista em relação às outras doutrinas, filosofias e ideologias, aliás que são o do próprio Espiritismo, mas passemos-lhe novamente a palavra: Nosso amigo espiritual, Emmanuel, nos aconselha a respeitar crenças, preconceitos, pontos de vista e normas de quaisquer criaturas que não pensem como nós, mas advertê-nos que temos deveres intransferíveis para com a Doutrina Espírita e que precisamos guardar-lhe a limpidez e a simplicidade com dedicação sem intransigências e zelo sem fanatismo .

Estes são alguns dos traços biográficos desse abnegado bem-feitor que renunciou a tudo para que o mundo seja um pouco melhor e que dá pelo nome simples de Chico Xavier.
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Através da psicografia do disciplinado médium uberabense Carlos A.Baccelli, chegam-nos preciosas e elucidativas informações sobre o desenlace de Francisco Cândido Xavier, sob a ótica do espírito Inácio Ferreira.
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Quando, porém, estávamos de saída para um dos pavilhões do hospital, agora sob a minha responsabilidade no Mundo Espiritual, nosso irmão Lilito Chaves veio ao nosso encontro e anunciou o que, desde algum tempo, aguardávamos com expectativa: a desencarnação do médium Francisco Cândido Xavier, o nosso estimado Chico. O acontecimento nos impunha rápidas mudanças de planos e, solicitando a Manoel Roberto que cuidasse do interno que me reclamava a presença, improvisamos uma excursão à Crosta para saudar aquele que, após cumprir com êxito a sua missão, retomava a Pátria de origem.

Assim, sem maiores delongas, Odilon, Paulino e eu, juntando-nos a uma plêiade de companheiros uberabenses desencarnados, entre os quais relaciono o próprio Lilito, Antusa, Joaquim Cassiano, Rufina, Adelino de Carvalho, e tantos outros, rumamos para Uberaba no começo da noite daquele domingo, dia 30 de junho. A caminho, impressionava-nos o número de grupos espirituais, procedentes de localidades diversas, do Brasil e do Exterior, que se movimentavam com a mesma finalidade. Todos estávamos profundamente emocionados e, mais comovidos ficamos quando, estacionando nas vizinhanças do "Grupo Espírita da Prece", onde estava sendo realizado o velório, com o corpo exposto à visitação pública, observamos uma faixa de luz resplandecente, que, pairando sobre a humilde casa de trabalho do médium, a ligava às Esferas Superiores, às quais não tínhamos acesso.

Conversando conosco, Odilon observou:

- Embora, evidentemente, já desligado do corpo, nosso Chico, em espírito, ainda não se ausentou da atmosfera terrestre; os Benfeitores Espirituais que, durante 75 anos, com ele serviram à Causa do Evangelho, estarão, com certeza, à espera de ordens superiores para conduzi-lo a Região Mais Alta... De nossa parte, permaneçamos em oração, buscando reter conosco as lições deste raro momento.

Aproximando-nos quanto possível, notamos a formação de duas filas imensas, constituídas de irmãos encarnados e desencarnados, que reverenciavam o companheiro recém-liberto do jugo opressor da matéria: eram espíritos, no corpo e fora dele, extremamente gratos a tudo que haviam recebido de suas mãos, a vida inteira dedicadas à Caridade, na mais fiel vivência do "amai-vos uns aos outros". Mães e pais que, por ele haviam sido consolados em suas dores; filhos e filhas que puderam reatar o diálogo com os genitores saudosos, escrevendo-lhes comoventes páginas do Outro Lado da Vida; famílias desvalidas com as quais repartira o pão; doentes que confortara agonizantes em seus leitos; religiosos de todas as crenças que, respeitosos, lhe agradeciam o esforço sobre-humano em prol da fé na imortalidade da alma...

Não registramos nas imediações, é bom que se diga, um só espírito que ousasse se aproximar com intenções infelizes. Os pensamentos de gratidão e as preces que lhe eram endereçadas, formavam um halo de luz protetor que tudo iluminava num raio de cinco quilômetros; porém essa luz amarelo-brilhante contrastava com a faixa de luz azulínea que se perdia entre as estrelas no firmamento.

A cena era grandiosa demais para ser descrita e desafiaria a inspiração do mais exímio gênio da pintura que tentasse retratá-la. Uma música suave, cujos acordes eu desconhecia, ecoava entre nós, sem que pudéssemos identificar de onde provinha, como se invisível coral de vozes infantis, volitando no espaço, tivesse sido treinado para aquela hora.

Espíritos mais simples que passavam rente comentavam:

"Este é um dos últimos... Não sabemos quando a Terra será beneficiada novamente por um espírito de tal envergadura"; "Este, de fato, procurava viver o que pregava"; "Quem nos valerá agora?"; "Durante muitos anos, ele matou a fome da minha família ... ; "Lembro-me de que, certa vez, desesperado, com a idéia de suicídio na cabeça, eu o procurei e a minha vida mudou"; "Os seus livros me inspiraram a ser o que fui, livrando-me de uma existência medíocre"; "Quando minha avó morreu, foi ele quem pagou seu enterro, pois, à época, éramos totalmente desprovidos de recursos"; "Fundei minha casa espírita sob a orientação de Chico Xavier, que recebeu para mim uma mensagem de incentivo e de apoio"; "Comigo, foi diferente: eu estava doente, desenganado pela Medicina, ele me receitou um remédio de Homeopatia e fiquei bom"...

Paulino, tão curioso quanto eu e Lilito, perguntou a Odilon:

- O que o senhor acha dessa faixa de luz isolada, como se fosse um caminho?
- Desconfio o que seja, mas ainda não tenho certeza, Paulino - respondeu o Orientador, que, a todo o momento, identificado por um dos integrantes da multidão que aumentava progressivamente do nosso lado de ação, se esmerava em responder as perguntas que lhe eram dirigidas.

Os caravaneiros não cessavam de chegar, todos portando flâmulas e faixas com dizeres luminosos; creio sinceramente que, em nosso Plano, jamais houve uma recepção semelhante a um espírito que tivesse deixado o corpo, após finda a sua tarefa no mundo; com exceção do Cristo e de um ou outro luminar da Espiritualidade, ninguém houvera feito jus ao aparato espiritual que se organizara em torno do desenlace de Chico Xavier.

Com dificuldade, logrando adentrar o recinto do "Grupo Espírita da Prece", reparamos que uma comissão de nobres espíritos, dispostos em semicírculo, todos trajando vestes luminescentes, permanecia, quanto nós mesmos, em expectativa. Odilon sussurrou-me ao ouvido:

- Inácio, estas são as entidades que trabalharam com ele na chamada "Coleção de André Luiz"; são os Mentores das obras que o nosso André reportou para o mundo, no desdobramento do Pentateuco Kardeciano: Clarêncio, Aniceto, Calderaro, Áulus e tantos outros...

- E aqueles que estão imediatamente atrás? - indaguei.
- São alguns representantes da família do médium e amigos fiéis de longa data.
- E onde estão Emmanuel, nosso Dr. Bezerra de Menezes e Eurípedes Barsanulfo? Porventura, ainda não chegaram?...
- Devem estar - respondi - cuidando da organização...

Ao lado do seu corpo inerte, nosso Chico, segundo a visão que tive, me parecia uma criança ressonando, tranqüila, no colo de um anjo transfigurado em mulher, fazendo-me recordar, de imediato, a imagem de "Pietà", a famosa escultura de Michelangelo.

Quem é ela? - perguntei.

Trata-se de D. Cidália, a sua segunda mãe...

E D. Maria João de Deus?...

Ao que estou informado - esclareceu Odilon, encontra-se reencarnada no seio da própria família.
E seu pai, o Sr. João Cândido?

Está em processo de reencarnação, seguindo os passos da primeira esposa.
Adiantando-se, nosso Lilito indagou:
- Odilon, na sua opinião, por que o Chico está parecendo uma criança?
- Ele necessita se refazer, pois o seu desgaste, como não ignoramos, foi muito grande, mormente nos últimos anos da vida física; nosso Chico carece de se desligar completamente...
- Perderá, no entanto, a consciência de si?
- É evidente que não. O seu verdadeiro despertar acontecerá gradativamente, à medida que se recupere da luta sem tréguas que travou... Aliás, a Espiritualidade Superior, nos últimos três anos, vinha trabalhando para que a sua transição ocorresse sem traumas, tanto para a imensa família espírita, que o venera, quanto para ele próprio.

Inúmeras caravanas e representações continuavam chegando, formando extensas filas, que se postavam paralelas às filas organizadas pelos nossos irmãos encarnados, a comparecerem ao velório para render a Chico Xavier merecidas homenagens. Dezenas e dezenas de jovens, coordenados por Augusto César e Jair Presente, dentre outros, formavam grupos especiais que vinham recebê-lo no limiar da Nova Vida, gratos por ter sido ele o seu instrumento de consolo aos familiares na Terra, quando se viram compelidos à desencarnação...

- A tarefa de Chico Xavier - explicou Odilon, emocionado - não tem fronteiras; raras vezes, a Espiritualidade conseguiu tamanho êxito no campo do intercâmbio mediúnico... No entanto a força que o sustentava nas dificuldades vinha de Cima, pois, caso contrário, teria sucumbido às pressões daqueles que, encarnados e desencarnados, se opõem ao Evangelho. Chico, por assim dizer, ocultou-se espiritualmente em um corpo franzino e deu início ao seu trabalho, sem que praticamente ninguém lhe desse crédito; quando as trevas o perceberam, ele já havia atravessado a faixa dos vinte de idade e em franco labor, tendo pronto o "Parnaso de Além-Túmulo", a obra inicial de sua profícua e excelente atividade psicográfica...

- Dr. Odilon - adiantou-se Paulino -, perdoe-me talvez a inoportunidade da pergunta: o senhor crê que Chico Xavier seja a reencarnação de Allan Kardec?

- Não somente creio, Paulino, como tenho elementos para afirmar que ele o é - respondeu o Mentor, corajosamente. - Os que se dedicarem a estudar o assunto, compulsando, principalmente, a correspondência particular de um e de outro perceberão tratar-se do mesmo espírito. É uma questão que, infelizmente, ainda há de suscitar muita polêmica entre os espíritas que mourejam na carne, mas, para determinado segmento espiritual, no qual eu me incluo, isto é ponto pacífico. São notáveis as "coincidências" ou os pontos de contato entre as duas personalidades, inclusive na semelhança física...

- Alegam alguns, porém, que o Codificador era dono de uma personalidade austera, ativa, quando a de nosso Chico Xavier é de característica branda, passiva...

- Os que assim se referem não tiveram, evidentemente, oportunidade de privar com o primeiro nem com o segundo - ambos eram austeros e brandos, quando a brandura ou a austeridade se faziam necessárias. É claro que a tarefa que Chico Xavier desdobrou, no começo do século passado, se deu em condições um tanto diversas da que cumpriu com a identidade de Allan Kardec; o meio não deixa de exercer certa influência sobre a individualidade, constrangendo-a a adaptar-se às novas condições - uma rosa no Brasil será uma rosa, por exemplo, no Japão, no entanto as diferenças climáticas são passíveis de alterar-lhe as características, tanto no que se refere à coloração quanto ao perfume... O espírito é sempre o mesmo, de uma vida para outra, todavia não há, para ele, como livrar-se totalmente da carga genética que o transfigura, mas não desfigura...

Aparteando, o nosso Lilito Chaves considerou:

- Você tem razão, Odilon; às vezes, na condição de espíritas, esperávamos de Chico Xavier atitudes de maior pulso.
O companheiro sorriu e respondeu:
- Lilito, entendo o alcance de sua colocação, mas, convenhamos, se o nosso Chico tivesse sido mais direto em determinadas ocasiões ou adotado uma postura mais enérgica, mormente com aqueles que procuravam com ele uma convivência mais estreita, agora, ao invés de admirá-lo como vencedor, estaríamos a lamentá-lo; o que o fez grande foi justamente a sua capacidade de tolerar, de caminhar a segunda milha a que o Senhor nos conclama, que nós não estamos dispostos a caminhar com os amigos e, muito menos, com os nossos desafetos. Kardec, se era firme na defesa da Doutrina através de seus escritos e pronunciamentos, no trato pessoal era doce e afável, tendo com Mme. Gaby, a esposa, um relacionamento que ia além dos limites do casamento, conforme ainda se concebe em nossa sociedade - mais que marido e mulher, os dois eram qual irmãos e, sendo mais velha do que ele nove anos, ela sentia por Rivail o amor que uma mãe sente pelo filho; antes que Allan Kardec fosse chamado a encetar a obra da Codificação, o casal havia renunciado a qualquer tipo de convivência mais íntima na esfera sexual, para devotar-se aos valores do espírito, e, tanto é assim, que ambos não geraram herdeiros diretos, porquanto a vontade do Senhor lhes reservara mais alta destinação. Os filhos de Allan Kardec são os filhos da Fé Raciocinada, que se multiplicam na Família Humana...

Neste ínterim, aproximando-se de nós a querida Antusa, médium de cura que cumprira de maneira exemplar a sua tarefa, após nos termos carinhosamente abraçado, Odilon solicitou que a respeitável irmã opinasse sobre o assunto que nos ocupava a atenção.

- Sim, Chico Xavier é a reencarnação de Allan Kardec - disse convicta. - Eu sempre o soube, mas, dentro da prova da mudez que me assinalava os dias, nunca pude me expressar com clareza; não polemizo com os confrades valorosos que pensam diferente, no entanto, no meu caso, possuidora, na Terra, da mediunidade de clarividência, várias vezes pude constatar a autenticidade do fato: à minha retina espiritual, Chico se transfigurava e, em seu lugar, surgia a simpática figura do Codificador; também, muitas vezes, em estado de desdobramento, nos instantes em que me era possível deixar o corpo e visitá-lo, eu o encontrava na personalidade marcante de Allan Kardec... A camuflagem espiritual era quase perfeita. É inegável que a obra de um é o complemento da outra: a mesma linha de pensamento, a mesma terminologia, a mesma luz...

- É - atrevi-me a considerar, por minha vez com a invasão da França, quando da Segunda Guerra, e as mudanças sociais a que o país, posteriormente, se submeteu, a árvore simbólica do Cristianismo Restaurado consolidou seu transplante no Brasil; seria natural que o pomicultor a tivesse acompanhado... Digo-lhes que, nos meus tempos de Sanatório, até os obsessores sabiam que Chico era a reencarnação de Allan Kardec; inclusive, um grande amigo nosso, aliás, o único amigo padre que tive na vida, Sebastião Carmelita, sabia ser este mesmo, por revelação mediúnica que o Chico lhe fizera, o Bispo inquisidor que ordenara a incineração dos livros de Allan Kardec, em praça pública, na cidade de Barcelona. Certa feita, visitando-nos no hospital psiquiátrico sob a nossa direção, Chico confrontou-se com o espírito Tomás de Torquemada, episódio que tive oportunidade de narrar, acanhadamente, em meu livro "Sob as Cinzas do Tempo"...

Lembrando-me de outros testemunhos, após pequena pausa, acrescentei:

- A Modesta, que incorporava o espírito Gabriel Delanne e, por vezes, nos ensejava ouvir a palavra de Léon Denis, não escondia a convicção de que o Codificador estava reencarnado e convivendo conosco em Uberaba; Gabriel Delanne, por intermédio de sua faculdade falante, disse-nos com clareza, logo após a mudança de Chico de Pedro Leopoldo para Uberaba, que Allan Kardec se transferira de domicílio e que, por este motivo, eles estavam se transferindo também... É evidente que, quando obtínhamos um comunicado desta natureza, os espíritos nos solicitavam o máximo de sigilo e, por este motivo, não tornávamos pública a revelação; além do mais, não tínhamos provas cabais para oferecer aos Tomés do Espiritismo, os que, negando-se a enxergar com os olhos da razão, querem ver com os olhos físicos o que depois pedem para tocar com as mãos...

[Extraído da obra "Na Próxima Dimensão", de Inácio Ferreira (espírito), psicografia de Carlos A. Baccelli - Editora LEEPP]

Veja video:

Joanna de Ângelis

JOANNA DE ÂNGELIS
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Um espírito que irradia ternura e sabedoria, despertando-nos para a vivência do amor na sua mais elevada expressão, mesmo que, para vivê-lo, seja-nos imposta grande soma de sacrifícios. Trata-se do Espírito que se faz conhecido pelo nome JOANNA DE ÂNGELIS, e que, nas estradas dos séculos, vamos encontrá-la na mansa figura de JOANA DE CUSA, numa discípula de Francisco de Assis, na grandiosa SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ e na intimorata JOANA ANGÉLICA DE JESUS.

Conheça agora cada um deste personagens que marcaram a história com o seu exemplo de humildade e heroísmo.


JOANA DE CUSA

Joana de Cusa, segundo informações de Humberto de Campos, no livro "Boa Nova", era alguém que possuía verdadeira fé. Narra o autor que: "Entre a multidão que invariavelmente acompanhava JESUS nas pregações do lago, achava-se sempre uma mulher de rara dedicação e nobre caráter, das mais altamente colocadas na sociedade de Cafarnaum. Tratava-se de Joana, consorte de Cusa, intendente de Ântipas, na cidade onde se conjulgavam interesses vitais de comerciantes e de pescadores".O seu esposo, alto funcionário de Herodes, não lhe compartilhava os anseios de espiritualidade, não tolerando a doutrina daquele Mestre que Joana seguia com acendrado amor. Vergada ao peso das injunções domésticas, angustiada pela incompreensão e intolerância do esposo, buscou ouvir a palavra de conforto de JESUS que, ao invés de convidá-la a engrossar as fileiras dos que O seguiam pelas ruas e estradas da Galiléia, aconselhou-a a seguí-Lo a distância, servido-O dentro do próprio lar, tornando-se um verdadeiro exemplo de pessoa cristã, no atendimento ao próximo mais próximo: seu esposo, a quem deveria servir com amorosa dedicação, sendo fiel a Deus, amando o companheiro do mundo como se fora seu filho.JESUS traçou-lhe um roteiro de conduta que lhe facultou viver com resignação o resto de sua vida.

Mais tarde, tornou-se mãe.

Com o passar do tempo, as atribuições se foram avolumando. O esposo, após uma vida tumultuada e inditosa, faleceu, deixando Joana sem recursos e com o filho para criar. Corajosa, buscou trabalhar. Esquecendo "o conforto da nobreza material, dedicou-se aos filhos de outras mães, ocupou-se com os mais subalternos afazeres domésticos, para que seu filhinho tivesse pão". Trabalhou até a velhisse.

Já idosa, com os cabelos embranquecidos, foi levada ao circo dos martírios, juntamente com o filho moço, para testemunhar o amor por JESUS, o Mestre que havia iluminado a sua vida acenando-lhe com esperanças de um amanhã feliz.

Narra Humberto de Campos, no livro citado:

"Ante o vozerio do povo, foram ordenadas as primeiras flagelações.-Abjura!... -
excalama um executor das ordens imperiais, de olhar cruel esombrio.A antiga
discípula do Senhor contempla o céu, sem uma palavra denegação ou de queixa.
Então o açoite vibra sobre o rapaz seminu, que exclama,entre lágrimas: -
"Repudia a JESUS, minha mãe!... Não vês que nós perdemos?!Abjura!... por mim,
que sou teu filho!..."Pela primeira vez, dos olhos damártir corre a fonte
abundante das lágrimas. As rogativas do filho são espadasde angustia que lhe
retalham o coração.Após recordar sua existênciainteira, responde:"- Cala-te, meu
filho! JESUS era puro e não desdenhou osacrifício. Saibamos sofrer na hora
dolorosa, porque, acima de todas asfelicidades transitórias do mundo, é preciso
ser fiel a DEUS!"Logo emseguida, as labaredas consomem o seu corpo envelhecido,
libertando-a para acompanhia do seu Mestre, a quem tão bem soube servir e com
quem aprendeu asublimar o amor.


UMA DISCÍPULA DE FRANCISCO DE ASSIS

Séculos depois, Francisco, o "Pobrezinho de Deus", o "Sol de Assis", reorganiza o "Exército de Amor do Rei Galileu", ela também se candidata a viver com ele a simplicidade do Evangelho de Jesus, que a tudo ama e compreende, entoando a canção da fraternidade universal.


SOROR JUANA INÉS DE LA CRUZ

No século XVII ela reaparece no cenário do mundo, para mais uma vida dedicada ao Bem. Renasce em 1651 na pequenina San Miguel Nepantla, a uns oitenta quilômetros da cidade do México, com o nome de JUANA DE ASBAJE Y RAMIREZ DE SANTILLANA, filha de pai basco e mãe indígena.

Após 3 anos de idade, fascinada pelas letras, ao ver sua irmã aprender a ler e escrever, engana a professora e diz-lhe que sua mãe mandara pedir-lhe que a alfabetizasse. A mestra, acostumada com a precocidade da criança, que já respondia ás perguntas que a irmã ignorava, passa a ensinar-lhe as primeiras letras.

Começou a fazer versos aos 5 anos. Aos 6 anos, Juana dominava perfeitamente o idioma pátrio, além de possuir habilidades para costura e outros afazeres comuns às mulheres da época. Soube que existia no México uma Universidade e empolgou-se com a idéia de no futuro, poder aprender mais e mais entre os doutores. Em conversa com o pai, confidenciou suas perspectivas para o futuro. Dom Manuel, como um bom espanhol, riu-se e disse gracejando:

-"Só se você se vestir de homem, porque lá só os rapazes ricos podem estudar." Juana ficou surpresa com a novidade, e logo correu à sua mãe solicitando insistentemente que a vestisse de homem desde já, pois não queria, em hipótese alguma, ficar fora da Universidade.

Na Capital, aos 12 anos, Juana aprendeu latim em 20 aulas, e português, sozinha. Além disso, falava nahuatl, uma língua indígena. O Marquês de Mancera, querendo criar uma corte brilhante, na tradição européia, convidou a menina-prodígio de 13 anos para dama de companhia de sua mulher.

Na Corte encantou a todos com sua beleza, inteligência e graciosidade, tornando-se conhecida e admirada pelas suas poesias, seus ensaios e peças bem-humoradas. Um dia, o Vice-rei resolveu testar os conhecimentos da vivaz menina e reuniu 40 especialistas da Universidade do México para interrogá-la sobre os mais diversos assuntos. A platéia assistiu, pasmada, àquela jovem de 15 anos responder, durante horas, ao bombardeio das perguntas dos professores. E tanto a platéia como os próprios especialistas aplaudiram-na, ao final, ficando satisfeito o Vice-rei.

Mas, a sua sede de saber era mais forte que a ilusão de prosseguir brilhando na Corte.

A fim de se dedicar mais aos seus estudos e penetrar com profundidade no seu mundo interior, numa busca incessante de união com o divino, ansiosa por compreender Deus através de sua criação, resolveu ingressar no Convento das Carmelitas Descalças, aos 16 anos de idade. Desacostumada com a rigidez ascética, adoeceu e retornou à Corte. Seguindo orientação de seu confessor, foi para a ordem de São Jerônimo da Conceição, que tem menos obrigações religiosas, podendo dedicar-se às letras e à ciência. Tomou o nome de SÓROR JUANA INÉS DE LA CRUZ.Na sua confortável cela, cercada por inúmeros livros, globos terrestres, instrumentos musicais e científicos, Juana estudava, escrevia seus poemas, ensaios, dramas, peças religiosas, cantos de Natal e música sacra. Era freqüentemente visitada por intelectuais europeus e do Novo Mundo, intercambiando conhecimentos e experiências.

A linda monja era conhecida e admirada por todos, sendo os seus escritos popularizados não só entre os religiosos, como também entre os estudantes e mestres das Universidades de vários lugares. Era conhecida como a "Monja da Biblioteca".

Se imortalizou também por defender o direito da mulher de ser inteligente, capaz de lecionar e pregar livremente.

Em 1695 houve uma epidemia de peste na região. Juana socorreu durante o dia e a noite as suas irmãs reliogiosas que, juntamente com a maioria da população, estavam enfermas. Foram morrendo, aos poucos, uma a uma das suas assistidas e quando não restava mais religiosas, ela, abatida e doente, tombou vencida, aos 44 anos de idade.


SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS

Passados 66 anos do seu regresso à Pátria Espiritual, retornou, agora na cidade de Salvador na Bahia, em 1761, como JOANA ANGÉLICA, filha de uma abastada família. Aos 21 anos de idade ingressou no Convento da Lapa, como franciscana, com o nome de SÓROR JOANA ANGÉLICA DE JESUS, fazendo profissão de Irmã das Religiosas Reformadas de Nossa Senhora da Conceição. Foi irmã, escrivã e vigária, quando, e, 1815, tornou-se Abadessa e, no dia 20 de fevereiro de 1822, defendendo corajosamente o Convento, a casa do Cristo, assim como a honra das jovens que ali moravam, foi assassinada por soldados que lutavam contra a Independência do Brasil.

Nos planos divinos, já havia uma programação para esta sua vida no Brasil, desde antes, quando reencarnara no México como Sóror Juana Inés de La Cruz. Daí, sua facilidade estrema para aprender português. É que, nas terras brasileiras, estavam reencarnados, e reencarnariam brevemente, Espíritos ligados a ela, almas comprometidas com a Lei Divina, que faziam parte de sua família espiritual e aos quais desejava auxiliar.

Dentre esses afeiçoados a Joanna de Ângelis, destacamos Amélia Rodrigues, educadora, poetisa, romancista, dramaturga, oradora e contista que viveu no fim do século passado ao início deste.


JOANNA NA ESPIRITUALIDADE

Quando, na metade do século passado, "as potências do Céu" se abalaram, e um movimento de renovação se alastrou pela América e pala Europa, fazendo soar aos "quatro cantos" a canção da esperança com a revelação da vida imortal, Joanna de Ângelis integrou a equipe do Espírito de Verdade, para o trabalho de implantação do Cristianismo redivivo, do Consolador prometido por Jesus.

E ela, no livro "Após a Tempestade", em sua última mensagem, referindo-se aos componentes de sua equipe de trabalho diz:

"Quando se preparavam os dias da Codificação Espírita, que ando se convocavam trabalhadores dispostos à luta, quando se anunciavam as horas preditas, quando se arregimentavam seareiros para Terra, escutamos o convite celeste e nos apressamos a oferecer nossas parcas forças, quanto nós mesmos, a fim de servir, na ínfima condição de sulcadores do solo onde deveriam cair as sementes de luz do Evangelho do Reino."

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo" vamos encontrar duas mensagens assinadas por "Um Espírito amigo". A primeira, no Cap. IX, item 7 com o título "A paciência", escrita em Havre, 1.862. A segunda no Cap. XVIII itens 13 e 15 intitulada "Dar-se-á àquele que tem", psicografada no mesmo ano que a anterior, na cidade de Bordéus. Se observarmos bem, veremos a mesma Joanna que nos escreve hoje, ditando no passado uma bela página, como o modelo das nossas atitudes, em qualquer situação.

No mundo Espiritual, Joanna estagia numa bonita região, próxima da Crosta terrestre.

Quando vários Espíritos ligados a ela, antigos cristãos equivocados se preparavam para reencarnar, reuniu a todos e planejou construir na Terra, sob o céu da Bahia no Brasil, uma cópia, embora imperfeita, da Comunidade onde estagiava no Plano Espiritual, com o objetivo de, redimindo os antigos cristãos, criar uma experiência educativa que demonstrasse a viabilidade de se viver numa comunidade, realmente cristã, nos dias atuais. Espíritos gravemente enfermos, não necessariamente vinculados aos seus orientadores encarnados, viriam na condições de órfãos, proporcionando oportunidade de burilamento, ao tempo em que, eles próprios, se iriam liberando das injunções cármicas mais dolorosas e avançando na direção de Jesus.Engenheiros capacitados foram convidados para traçarem os contornos gerais dos trabalhos e instruírem os pioneiros da futura Obra.

Quando estava tudo esboçado, Joanna procurou entrar em contato com Francisco de Assis, solicitando que examinasse os seus planos e auxiliasse na concretização dos mesmos, no Plano Material.

O "Pobrezinho de Deus" concordou com a Mentora e se prontificou a colaborar com a Obra, desde que "nessa Comunidade jamais fosse olvidado o amor aos infelizes do mundo, ou negada a Caridade aos "filhos do Calvário", nem se estabelecesse a presunção que é vérmina a destruir as melhores edificações do sentimento moral'.

Quase um século foi passado, quando os obreiros do Senhor iniciaram na Terra, em 1947, a materialização dos planos de Joanna, que inspirava e orientava, secundada por Técnicos Espirituais dedicados que espalhavam ozônio especial pela psicosfera conturbada da região escolhida, onde seria construída a "Mansão do Caminho", nome dado à alusão à "Casa do Caminho" dos primeiros cristãos.

Nesse ínterim, os colaboradores foram reencarnando, em lugares diversos, em épocas diferente, com instrução variada e experiências diversificadas para, aos poucos, e quando necessário, serem "chamados" para atender aos compromissos assumidos na espiritualidade. Nem todos, porém, residiriam na Comunidade, mas, de onde se encontrassem, enviariam a sua ajuda, estenderiam a mensagem evangélica, solidários e vigilantes, ligados ao trabalho comum.


Fonte: http://www.feal.com.br/biografias.php?bio_id=23



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