28 outubro 2007

O Doutrinador

O DOUTRINADOR

(Do livro: Diálogo com a Sombra – Hermínio Miranda)


Num grupo mediúnico, chama-se doutrinador a pessoa que se incumbe de dialogar com os companheiros desencarnados necessi­tados de ajuda e esclarecimento. Qualquer bom dicionário leigo dirá que doutrinar é instruir em uma doutrina, ou, simplesmente, ensinar. E aqui já começamos a esbarrar nas dificuldades que a palavra doutrinador nos oferece, no contexto da prática mediúnica.

Em primeiro lugar, porque o espírito que comparece para de­bater conosco os seus problemas e aflições, não está em condições, logo aos primeiros contactos, de receber instruções doutrinárias, ou seja, acerca da Doutrina Espírita, que professamos, e com a qual pretendemos ajudá-lo. Ele não vem disposto a ouvir uma pregação, nem predisposto ao aprendizado, como ouvinte paciente ante um guru evoluído. Muitas vezes ele está perfeitamente fami­liarizado com inúmeros pontos importantes da Doutrina Espírita. Sabe que é um Espírito sobrevivente, conhece suas responsabilidades perante as leis universais, admite, ante evidências que lhe são mais do que óbvias, os mecanismos da reencarnação, reconhece até mesmo a existência de Deus. Quanto à comunicabilidade entre encarnados e desencarnados, ele nem discute, pois está justamente produzindo uma demonstração prática do fenômeno, e seria infan­tilidade de sua parte tentar ignorar a realidade.


Portanto, o companheiro encarnado, com quem estabelece o diá­logo, não tem muito a ensinar-lhe, em termos gerais de doutrina.

Por outro lado, o chamado doutrinador não é o sumo-sacerdote de um culto ou de uma seita, que se coloque na posição de mestre, a ditar normas de ação e a pregar, presunçosamente, um estágio ideal de moral, que nem ele próprio conseguiu alcançar. A des­peito disso, ele precisa estar preparado para exercer, no momento oportuno, a autoridade necessária, que toda pessoa incumbida de uma tarefa, por mais modesta, deve ter. Não se esquecer, porém, de que, no grupo mediúnico, ele é apenas um dos componentes, um trabalhador, e não mestre, sumo-sacerdote ou rei.

Sua formação doutrinaria é de extrema importânçia. Não po­derá jamais fazer um bom trabalho, sem conhecimento íntimo dos postulados da Doutrina Espírita. Entre os espíritos que lhe são trazidos para entendimento, há argumentadores prodigiosamente inteligentes, bem preparados e experimentados em diferentes téc­nicas de debate, dotados de excelente dialética. Isto não significa que todo doutrinador tem de ser um gênio, de enorme capacidade intelectual e de impecável formação filosófica. A conversa com os espíritos desajustados não deve ser um frio debate acadêmico. Se o dirigente encarnado dos trabalhos está bem familiarizado com as obras fundamentais do Espiritismo, ele encontrará sempre o que dizer ao manifestante, ainda que não esteja no mesmo nível intelectual dele. O confronto aqui não é de inteligências, nem de culturas; é de corações, de sentimentos. O conhecimento doutri­nário torna-se importante como base de sustentação. O doutrinador precisa estar convencido de que a Doutrina Espírita dispõe de todos os informes de que ele necessita para cuidar dos manifestantes em desequilíbrio, mas isso não é tudo, porque ele pode ser um bom conhecedor dos princípios teóricos do Espiritismo e ser completamente desinteressado do aspecto evangélico; ou, ainda, conhe­cer a doutrina e recitar prontamente qualquer versículo evangé­lico, mas não apoiar o seu conhecimento na emoção e no legítimo desejo de servir e ajudar. Voltaremos ao assunto quando tratar­mos do problema específico da doutrinação. Os espíritos em estado de perturbação, que nos são trazidos às sessões mediúnicas, não estão, logo de início, em condições psicológicas adequadas à pre­gação doutrinária, como já dissemos. Necessitam aflitivamente de primeiros socorros, de quem os ouça com paciência e tolerância. A doutrinação virá no momento oportuno, e, antes que o doutri­nador possa dedicar-se a este aspecto específico, ele deve estar preparado para discutir o problema pessoal do espírito, a fim de obter dele a informação de que necessita. É nesse momento que ele precisa utilizar-se de seus conhecimentos gerais, intercalando aqui e ali um pensamento evangélico que se adapte às condições desenvolvidas no diálogo.

Isto nos leva a outro aspecto importante: o “status” moral do doutrinador. Sua autoridade moral é importante, por certo, mas qual de nós, encarnados, ainda em lutas homéricas contra imperfei­ções milenares, pode arrogar-se uma atitude de superioridade moral sobre os companheiros mais desarvorados das sombras? Ainda temos mazelas e ainda erramos gravemente. O espírito que debate co­nosco sabe de nossas inúmeras fraquezas, tanto quanto nós, e até mais do que nós, às vezes, por serem, freqüentemente, companhei­ros de antigas encarnações, em que fomos, talvez, comparsas de desacertos hediondos. Ele nos vigia, observa-nos, analisa-nos e estuda-nos, de uma posição vantajosa para ele: na invisibilidade. Tem condições de aferir nossa personalidade e nossos propósitos, pela maneira como agimos em nosso relacionamento com os semelhan­tes. Percebe mais as nossas intenções, a intensidade e a since­ridade do nosso sentimento, do que o mero som das palavras que pronunciamos. Se estivermos recitando lindos textos evangélicos, sem sustentação na afeição legítima, ele o saberá também.

Muitas vezes, refere-se desabridamente a uma ou outra fra­queza íntima nossa, como, por exemplo:— Você não tem força para deixar o vício de fumar, como quer me obrigar a deixar de perseguir aquele que me prejudicou?

Ou então, nos lembra uma situação irregular em que nos encon­tramos, ou um erro mais grave cometido no passado recente, ou crimes que praticamos em vidas pregressas. Tudo serve. É preciso que o doutrinador esteja preparado para estas situações. Não adi­anta exibir virtudes que não possui ainda. Deve lembrar-se, porém, de que somos julgados e avaliados, não pelos resultados que obte­mos, mas pelo esforço que realizamos para alcançá-los. Não é pre­ciso ser santo, para doutrinar. Aqueles que já se purificaram a esse ponto, dedicam-se a tarefas mais complexas, de maior responsa­bilidade, compatíveis com o adiantamento espiritual que já alcançaram.

Por outro lado, não podemos esperar a perfeição para ajudar o irmão que sofre. É exatamente porque ainda somos tão imperfeitos quanto ele, que estamos em condições de servi-lo mais de perto. Muitos são desafetos antigos, que ainda não nos perdoaram. É aqui que vemos a validade da palavra sábia do Cristo:— Reconcilia-te com o teu adversário, enquanto estás a ca­minho com ele.Não podemos impor ao companheiro infeliz uma superioridade moral inexistente. O doutrinador é também um ser falível e cons­ciente das suas imperfeições, mas isto não pode e não deve inibi-lo para a tarefa. É preciso levar em conta, ainda, que muitos com­panheiros espirituais desarvorados, que nos conheceram em passado tenebroso, vêem em nós mais aqueles que fomos do que o que somos hoje, ou pretendemos ser. Se tivermos paciência e tolerância, o manifestante acabará por admitir que, mesmo que ainda não tenhamos alcançado os estágios superiores da evolução, nossa boa intenção é legítima, o esforço que desenvolvemos é digno, e nos respeitarão por isso.O doutrinador precisa, ainda, ser uma criatura de fé viva, po­sitiva, inabalável. Ele não pode dar aquilo que não tem. Se me perguntassem qual o elemento mais importante na estrutura da personalidade do doutrinador, eu não saberia dizer, mas ficaria indeciso entre a fé e o amor, sobre o qual ainda falaremos adiante. Que tipo de fé? A fé espírita, tal como a conceituou Kardec:sincera, convicta, lógica, plenamente suportada pela razão, mas sem se deixar contaminar pela frieza hierática do racionalismo estéril e vazio.(...)
"Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse Amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda que tivesse o dom da profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que transportasse os montes, e não tivesse Amor, nada seria"
(Epístola de Paulo)

Prossigamos, no entanto, ainda no exame dos componentes morais e psicológicos da personalidade de um bom doutrinador.Se não dispuser de um mínimo de aptidões, o candidato a tal função deve procurar desenvolvê-las, ou assumir outra tarefa, para a qual, seus recursos pessoais sejam mais adequados. Uma dessas virtudes é a paciência. Não pode ele, sem prejuízo sério para o seu trabalho, atirar-se sofregamente ao interrogatório do Espírito manifestante. Tem que ouvir, aturar desaforos e impropérios, agres­sões verbais e impertinências. Tem que aguardar o momento de falar. Para isso, necessita de outra qualidade pessoal, não parti­cularmente rara, mas que precisa ser cultivada, quando não des­pertada: a sensibilidade, que o levará a sentir pacientemente o ter­reno estranho, difícil e desconhecido em que pisa, as reações do Espírito, procurando localizar os pontos em que o manifestante, por sua vez, seja mais sensível e acessível. Isto se faz com uma qualidade pessoal chamada tato, segundo a qual, vamos, pela obser­vação cuidadosa, serena, nos informando de determinada situação ou acontecimento, até que estejamos seguros de poder tomar uma posição ou uma decisão sobre o assunto.A paciência, a sensibilidade e o tato nos facultam as informa­ções que buscamos, mas não disparam, por si mesmos, os meca­nismos da ação, ou seja, não nos indicam a providência a tomar, nem nos sustentam no que fizermos. Para isso, se pede outra dis­posição que poderíamos chamar de energia, que deve ser controlada e oportuna. Há de chegar-se a um ponto, na doutrinação, em que se torna imperiosa a tomada de uma atitude firme, enérgica, que não pode ser contundente, nem agressiva. É a hora da energia, e o momento tem que ser o certo. Nem antes, nem depois da opor­tunidade. Veremos isto, quando cuidarmos do trabalho propria­mente dito.

Há mais ainda.

O doutrinador deve estar em permanente estado de vigilância, na mais ampla acepção do termo. Vigilância quanto aos seus pro­prios sentimentos e pensamentos, quanto às suas suposições e in­tuições, quanto ao que se contém nas entrelinhas do que diz o manifestante, quanto ao que ocorre à sua volta, com os demais componentes do grupo, quanto à sua própria conduta, não apenas durante o trabalho mediúnico, propriamente dito, mas no seu pro­ceder diário. Convém repetir: não precisa ser um santo, e não o será mesmo. Vigilância e boa intenção não são santidade. O dou­trinador precisa servir em estado de alertamento constante.

Uma questão cabe introduzir aqui: convém que ele disponha de alguma forma de mediunidade ostensiva? Em Espiritismo, não há posições dogmáticas. Minha opinião pessoal é a de que algumás formas de mediunidade são desejáveis. Colocaria em primeiro lugar a intuitiva, através da qual o doutrinador possa receber as inspira­ções de seus amigos espirituais, responsáveis pelo trabalho, e desen­volvê-las junto ao manifestante, com seus próprios recursos e suas próprias palavras.

Em segundo lugar, poria a vidência, que certamente auxiliará na visão de cenas e quadros, ou da aparência pessoal do Espírito manifestante e de seus eventuais companheiros. Será também útil dispor da faculdade de clariaudiência, e, neste caso, ouviria dire­tamente as instruções e “recados” do mundo espiritual, que fossem de interesse para o seu trabalho. Isto, porém, não o coloca inteiramente a salvo de alguma palavra, soprada desavisadamente, que o leve a falsos caminhos.

Creio poder afirmar que não seria desejável qualquer forma de mediunidade que colocasse o dirigente, ou doutrinador, em es­tado de inconsciência. Ele precisa manter-se lúcido durante todo o período de trabalho.(...)Com isto, chegamos a outra faculdade necessária ao doutrinador:

A humildade. Ele vai precisar dela, com freqüência impressionante. A princípio, para aceitar as ironias, agressões e impertinências dos pobres irmãos atormentados. Depois, se e quando conseguir con­vencer, o companheiro, de seus enganos e de seus erros, para não assumir a atitude do vencedor que pisa na garganta do vencido, para mostrar o seu poder e confirmar a sua vaidade e seu orgulho. É a partir do momento em que o turbulento manifestante de há pouco se converte em verdadeiro trapo humano, arrependido e em pranto, que o doutrinador deve mostrar toda a sua compaixão hu­milde e o seu respeito pela dor alheia.

Tem, ainda, que ser humilde no aprendizado. Cada manifesta­ção traz a sua lição, a sua informação, a sua surpresa. Em tra­balho mediúnico, estamos sempre aprendendo e nunca sabemos o suficiente. Se não nos aproximarmos dele com humildade, pouco ou nenhum progresso conseguiremos realizar.

A humildade é necessária, também, quando não conseguimos convencer o companheiro infeliz. Precisamos estar preparados para a derrota, em muitos casos. Nada de pretensões tolas de que o trabalho foi cem por cento positivo. Claro que positivo, em sen­tido genérico, ele sempre o é. Mesmo naquele que não conseguimos demover de seus propósitos, se tivermos tido habilidade e tato, teremos realizado, no seu coração, a sementeira da verdade. Um dia — não importa quando — ele vai lembrar-se do que lhe dis­semos e conferi-lo com a realidade. Não contemos, porém, com o êxito total da conversão imediata e definitiva, ao amor, de todos os Espíritos que nos são trazidos. Muitos daqueles dramas, que se desenrolam diante de nós, arrastam-se há séculos. Não se ajustam em minutos de conversa. Humildade, pois, para aceitar esses casos e continuar lutando. Não somos super-homens, nem semideuses.

Humildade, ainda, quando precisarmos reconhecer o potencial intelectual do irmão espiritual com o qual nos defrontamos. E isso é muito freqüente. Não quer dizer que nos devamos curvar servilmente diante dele, rendendo homenagens à sua inteligência e ao seu conhecimento; quer dizer que precisamos admitir, às vezes, que não estamos em condições de superá-lo naquilo que constitui o seu ponto forte. Nem é essa a técnica recomendada. Suponhamos que compareça, para conversar conosco, um Espírito de elevada cultura, que lecionou em Faculdades, ocupou assentos em Academias, recebeu, enfim, as honrarias que tantos buscam, em vez da paz interior. Não é no terreno dele que nos vamos medir, não é discutindo Filosofia, com ele, que vamos convencê-lo de seus enganos. Nesse campo, ele dispõe de mais recursos do que nós. E foi jus­tamente o debate inútil e o vão filosofar que arruinaram sua vida espiritual. Ele precisa de atenção, fraternidade, respeito e since­ridade, não de debates estéreis, nos quais facilmente nos vencerá, para consolidar a sua vaidade lamentável. Um pouco de humildade, da nossa parte, o levará a respeitar-nos também, enquanto a exibi­ção inútil de precários conhecimentos filosóficos, e de medíocre cultura intelectual, só poderá estimular nele o desprezo por nós e pela nossa posição. Nada, pois, de aparentar o que ainda não somos. E, mesmo que o fôssemos, a humildade, ainda assim, seria indicada.

Lembremos ainda uma qualidade: o destemor. Já disse alhures que, em trabalho mediúnico, temos que ser destemidos, sem ser temerários. Coragem não é o mesmo que imprudência.

O destemor é de extrema utilidade nas tarefas de doutrinação. Fustigados pela interferência dos grupos mediúnicos em seus tene­brosos afazeres, os Espíritos violentos comparecerão possuídos de irritação, rancor e ódio, mesmo. Manifestam-se aos berros, dão murros na mesa, ameaçam céus e terras, procuram intimidar e propõem-se a vigiar-nos implacavelmente, a atacar nossos pontos fracos ou fazer um cerco impiedoso em torflo de nossa família, provocar acidentes, doenças, perturbações. O arsenal de ameaças é vasto, e eles manipulam, com extrema sagacidade, as armas da pressão. Se nos deixarmos impressionar pelas verdadeiras cenas que fazem, estaremos realmente perdidos, porque nos colocaremos na faixa vibratória desejada por eles, Os benfeitores espirituais sempre nos advertem, de maneira tranqüila e segura:

— Nada de temores infundados. Sofremos apenas aquilo que está nos nossos compromissos espirituais, e não em decorrência do trabalho de desobsessão.

É verdadeiro, isso. Seria injusto, por parte das leis supremas, que, evidentemente, governam o Universo, se a paga da dedicação ao irmão que sofre resultasse em sofrimento indevido e em punição imerecida. Estariam subvertidos todos os princípios da Jus­tiça Divina, se assim fosse. É até possível que uma ou outra, das ameaças esbravejadas contra nós, se cumpra, ou seja, aconteça aci­dentalmente, como doença inesperada cm um de nós, ou em membro da nossa família. Estejamos certos de que, na sessão seguinte, virá de novo o irmão infeliz, para se vangloriar:— Eu não disse?Não tema, siga em frente. O trabalho está sob a proteção de forças positivas e abençoadas. Isto, porém, não significa que deve­remos e poderemos deixar cair as guardas. A proteção existe, mas não para dar cobertura à imprudência, à irresponsabilidade.Não custa, pois, anotar mais uma das aptidões necessárias ao bom desempenho do trabalho mediúnico, em geral, e do doutri­nador, em particular: a prudência.Se, porém, um acontecimento desagradável realmente acontecer conosco, ou com alguém da nossa convivência, nitidamente ligado ao trabalho mediúnico, nem assim devemos nos desesperar e inti­midar: estejamos certos de que estava já nos nossos compromis­sos, e mais: os recursos socorristas virão, sem dúvida alguma.

A longa digressão acerca das aptidões desejáveis a um doutrinador não deve necessariamente desencorajar aquele que pretende se preparar para a tarefa. Ele precisa saber que o trabalho é árduo, os riscos são muitos, as qualificações são, idealmente, rigorosas e numerosas, e nenhuma projeção especial o espera. Ao contrário) quanto mais apagado o seu trabalho, mais eficaz e produtivo. Dificilmente um doutrinador reunirá tantos e tão grandes atributos pes­soais. Procuramos, aqui, traçar um perfil ideal e, como todo ideal, difícil, senão impossível de ser atingido. Que isso não desencoraje ninguém à responsabilidade do trabalho. Os Espíritos amigos sabe­rão dosar as tarefas, segundo as forças e as possibilidades de cada grupo.

Por outro lado, o doutrinador é, usualmente, o pára-raios pre­dileto do grupo, porque os Espíritos atribulados, trazidos ao diálogo, com ele se entendem e se desentendem. É nele que identificam a origem de seus problemas. É ele, usualmente, o organizador ou responsável pelo grupo, bem como o seu porta-voz junto ao mundo espiritual. Ainda voltaremos a este tema fascinante, lançando mão de um acervo de experiências pessoais preciosas.

Com respeito ao doutrinador, falta ainda abordar um aspecto final, antes de prosseguir.

Como é também o dirigente humano do grupo, precisa, como já dissemos, estar consciente dessa responsabilidade e usar sua auto­ridade com muito tato, sem abandonar a firmeza. Disciplina não é sinônimo de ditadura. Quando o grupo reunir-se, para debater problemas ligados ao trabalho, deve o dirigente comportar-se como simples participante, para estimular a criatividade e a contribuição dos demais membros. No momento de tomar a decisão, cabe a ele suportar os ônus e as responsabilidades decorrentes. Precisa tratar a todos, médiuns ou não, com o mesmo carinho e compreensão, sem paternalismos e preferências, mas sem má-vontade contra qualquer um dos membros da equipe. Precisa despertar, nos seus compa­nheiros, a afeição, a camaradagem e o respeito. Poderá ser o pri­meiro entre eles; certamente deverá ser o único a falar com os Espíritos; mas não e o maior”.A essa altura, dirá o leitor, algo inquieto:

— Mas é muito difícil ser doutrinador...É verdade. É, sim.

14 outubro 2007

Células Tronco

EM RELAÇÃO ÀS CÉLULAS TRONCO-EMBRIONÁRIAS
Carta de Princípios estabelecida no V Congresso Médico-Espírita
(MEDNESP) - 28/05/2005
Considerando que:

1) As pesquisas com células-tronco embrionárias, embora, teoricamente, mais promissoras, têm revelado, na prática, alto risco na geração de tumores, sendo passíveis de provocar rejeição;

2) Essas pesquisas são realizadas sem o devido respeito ao embrião, reduzido simplesmente à condição de "coisa";

3) Uma vida (a do embrião) não pode ser interrompida em benefício de outra;

4) As pesquisas mais recentes têm demonstrado maior praticidade e boa potencialidade no emprego das células-tronco adultas, com menor risco de rejeição ou de provocar tumores e com bons resultados em casos de leucemias, cardiopatias, AVC (Acidente Vascular Cerebral), etc.;

Declaramo-nos contrários à utilização das células-tronco embrionárias, quer seja em pesquisas ou em terapias, mas posicionamo-nos favoravelmente à utilização das células-tronco presentes no indivíduo adulto e no cordão umbilical.


DIREITOS DO EMBRIÃO

Considerando que:

1) A vida é um bem outorgado por Deus, a qual todos têm direito;

2) O espírito inicia a nova encarnação na fecundação e passa a comandar a embriogênese, em todas as fases, até o término da gestação;

3) De acordo com O Livro dos Espíritos, existem embriões que possuem ou não espíritos destinados à reencarnação; 4) Não existe consenso científico relativo à clonagem humana e terapêutica e também nas manipulações genéticas;
Resolve que:

1) Os direitos do embrião começam com a fecundação;

2) Somos contrários a qualquer método de anticoncepção que interrompa a embriogênese a partir da fecundação;

3) Somos contrários à qualquer intervenção, terapêutica ou não, que interrompa a gestação em qualquer fase, exceto quando houver risco de morte para a mãe;

4) Nos casos de gravidez com mas formações congênitas (anencefalia, hidrocefalia, cardiopatias, meningomielocele e outras) recomenda-se orientação à mãe e envolvidos para que conduzam a gestação até o seu termo;

5) Somos favoráveis aos métodos de controle de natalidade que impeçam a fecundação, como, por exemplo, anticoncepcionais orais e barreiras (preservativos e diafragma), método Ogino-Knauss;

6) Como ainda não existem meios para identificar quais os embriões congelados que possuem ligações com espíritos reencarnantes, todos devem ser preservados;

7) Somos contrários, no momento atual, à clonagem humana, tanto reprodutiva quanto terapêutica, tendo em vista que não podemos realizar experiências em anima nobili (seres humanos vivos);

8) É preciso implantar um trabalho preventivo de orientação sexual pelas AMEs, junto aos pais e educadores, bem como às crianças e adolescentes.

Carta de Princípios elaborada no II Encontro Internacional de Médicos Espíritas – IV Congresso Nacional da Associação Médico Espírita do Brasil - 21/06/2003

O que é célula-tronco?
É um tipo de célula que pode se diferenciar e constituir diferentes tecidos no organismo. Esta é uma capacidade especial, porque as demais células geralmente só podem fazer parte de um tecido específico (por exemplo: células da pele só podem constituir a pele). Outra capacidade especial das células-tronco é a auto-replicação, ou seja, elas podem gerar cópias idênticas de si mesmo.


Diferença entre clonagem terapêutica e clonagem reprodutiva
A clonagem reprodutiva humana é a técnica pela qual pretende-se fazer a cópia de um indivíduo. Nessa técnica transfere-se o núcleo, que pode ser uma célula de um adulto ou de um embrião, para um óvulo sem núcleo. Se o óvulo com esse novo núcleo começasse a se dividir, fosse transferido para um útero humano e se desenvolvesse, ter-se-ia uma cópia da pessoa de quem foi retirado o núcleo da célula.

Na transferência de núcleos para fins terapêuticos as células são multiplicadas em laboratório para formar tecidos; Na clonagem reprodutiva humana há necessidade da inserção em um útero humano.

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Utilidades das células-tronco
As células-tronco podem se transformar em qualquer parte do corpo. Doenças causadas por problemas celulares podem ser curadas por injeções de células-tronco, que passam a fazer a função de suas colegas defeituosas. Tratamentos possíveis:

Doenças neuro-degenerativas – novos neurônios;
Mal de Huntington – correção de neurônios;
Mal de Alzheimer – correção de neurônios;
Mal de Parkinson – correção de neurônios;
Paralisia – corrigem-se os danos causados à espinha dorsal;
Enfarte – recuperação dos tecidos cardíacos;
Cirrose e Hepatite – recuperação de células do fígado;
Diabetes – células novas para a produção de insulina;
Queimadura – regeneração de tecidos da pele;
Artrite – regeneração de embriões;
Osseoartrite – restaura a ligação de ossos e tendões;
Transplantes – células-tronco geram qualquer órgão.

Fonte: http://www.ceismael.com.br/tema/tema062.htm

ABORTO


Considerando que:

1) Nosso paradigma de bioética é o personalista espírita que contempla a dignidade ontológica, a partir do zigoto, onde a vida se inicia;

2) A vida é um bem indisponível, uma doação do Ser Supremo, que se encontra presente no micro e no macrocosmo, conclusão esta decorrente de pesquisas científicas sobre a origem da vida que apontam para a existência de um Planejador Inteligente, bem como de estudos sobre a embriogênese e o psiquismo fetal. As dificuldades dos cientistas em definir o que é vida e a impossibilidade de criá-la originariamente em laboratório são alguns entre os muitos dados demonstrativos da grandeza e da complexidade da Criação Divina;

Posicionamo-nos contrariamente a qualquer método que interrompa a vida em algum ponto do continuum “zigoto-velho", inclusive ao uso da "pílula do dia seguinte" e favoravelmente ao Planejamento Familiar, através de métodos não-abortivos, incluindo, entre estes, o DIU (Dispositivo intra-uterino), desde que utilizado, no período fértil, em combinação com método de barreira.

Carta de Princípios estabelecida no V Congresso Médico-Espírita (MEDNESP) - 28/05/2005

CHICO XAVIER - ABORTO

Programa Pinga Fogo


Hermínio Miranda: Processo Reencarnatório

Processo reencarnatório
Entrevista com Hermínio Correa de Miranda
Publicação: CVDEE - Centro Virtual de Divulgação e Estudo do Espiritismo

Na sua opinião, considerando os livros básicos e a literatura auxiliar, a Doutrina Espírita tem esgotado as informações sobre o processo reencarnatório ou, na medida em que o homem se espiritualize, informações adicionais serão concedidas?
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Resposta: Como sistema orgânico de conhecimento, o Espiritismo é uma doutrina evolutiva, atenta à dinâmica da expansão cultural da humanidade. Vamos reler um parágrafo da Introdução que Kardec escreveu para O Evangelho Segundo o Espiritismo (Autoridade da Doutrina Espírita, pg. 31, 57a. edição FEB):

" Com extrema sabedoria procedem os Espíritos superiores em suas revelações. Não atacam as grandes questões da Doutrina senão gradualmente, à medida que a inteligência se mostra apta a compreender a verdade de ordem mais elevada e quanto as circunstâncias se revelam propícias à emissão de uma idéia nova. Por isso é que logo de princípio não disseram tudo e tudo ainda hoje não disseram, jamais cedendo à impaciência dos muito afoitos, que querem os frutos antes de estarem maduros."

O Livro dos Espírtos constitui exemplo disso no sentido de que notamos na sua elaboração o cuidado de não dizer mais do que o necessário e conveniente para a época e de compactar informações e ensinamentos num mínimo possível de texto. Em algumas respostas, a linguagem é quase telegráfica, sem detalhamentos, considerados, talvez, prematuros ou inoportunos. O que, de certa forma, parece indicar reserva de espaço para futuras ampliações, à medida que o conhecimento fosse progredindo. Não creio, por isso, que a temática do processo reencarnatório tenha sido esgotada no contexto das obras básicas e nem mesmmo nas subseqüentes. André Luiz, por exemplo, ampliou consideravelmente tais informações. Penso que ainda temos muito que aprender com os instrutores espirituais sobre esse e tantos outros assuntos.

Fiz um aborto aos 21 anos e depois tive um filho aos 27. Existe possibilidade deste espírito ser o mesmo que foi abortado anteriormente?

Resposta: Entendo perfeitamente possível que a criança que você teve aos 27 anos seja a mesma entidade espiritual, cujo corpo fora abortado cerca de seis anos antes.

Na reencarnação sob processo expiatório, ocorre às vezes uma vultosa anomalia cerebral. De que forma há para esse Espírito aproveitamento da reencarnação? Há algum tipo de percepção?

Resposta: A reencarnação constitui sempre valiosa oportunidade de progresso espiritual. O corpo físico pode apresentar-se severamente afetado por anomalias inibidoras, mas a entidade espiritual está presente e atenta ao que se passa. Em nosso trabalho mediúnico, testemunhamos um caso desses. Sugiro que você leia o capítulo 19 - Filhos deficientes, de meu livro "Nossos Filhos são Espíritos", que parece responder à sua pergunta. Leia, também, "Autismo - uma leitura espiritual", ainda que este não seja o caso específico que você tem em mente.

O Sr. poderia comentar as relações entre a descoberta do código genético humano e o processo reencarnatório? Por exemplo, se muitas doenças físicas poderão ser evitadas, como ficam as reencarnações de Espíritos que têm como sua fase evolutiva o ultrapassar justamente doenças físicas?
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Resposta: Penso que é cedo para se falar em interferências no código genético que resultem no cancelamento puro e simples de deficiências físicas ou mentais, que, como sabemos, tem sérias implicações cármicas. O projeto genoma, recentemente divulgado com enorme espalhafato publicitário, embora represente um gigantesco passo à frente no entendimento da biologia humana, ainda tem muito trabalho pela frente, como reconhecem os próprios cientistas. São mais de 3 bilhões as combinações possíveis no ser humano. Por outro lado, as leis divinas não se sujeitam a manipulações daqueles que se propõem a "brincar de Deus". Sugiro que você leia, se conseguir localizar, um pequeno artigo meu intitulado "Uma ética para a genética", publicado em Reformador em junho de 1971, há quase trinta anos, portanto. Será útil também, se ainda não o fez, a leitura do Time, de 3 de julho de 2000. Diz-se ali, entre outras coisas, que dois grupos empenharam-se em decifrar as ‘letras bioquímicas ‘ do DNA humano e as instruções codificadas para construir e operar um ser humano totalmente funcional. Em outras palavras, ninguém, nesse projeto gigantesco, está pensando no espírito e nem nas leis cármicas. E muito menos, em Deus. Quanto a mim, fico com Deus e não tenho a pretensão de brincar com ele.Não sou, contudo, um especialista no assunto. Sugiro que você leia "O projeto genoma", de autoria da Dra. Marlene Nobre, no recente Boletim SEI, da Capemi, de 29-07-2000. Poderá, para isso, acessar a Home page: http://www.lfc.org.br/

Questão [#006] Quanto tempo, em média, o espírito permanece na pátria espiritual, antes de reencarnar? Meu pai faleceu há 5 anos; quando eu desencarnar me encontrarei com ele?
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Resposta: Cada caso é um caso. Não há uma periodicidade rígida de tantos em tantos anos, entre uma encarnação e outra. O Prontuário da Obra de Allan Kardec, do erudito confrade e pesquisador Deoclécio de Demócrito, indica as seguintes referências sobre o assunto: O Evangelho Segundo o Espiritismo n. 16, p. 31; Céu e Inferno, 2a. parte, cap. 4, p.275 e cap. 5, n. 39, p. 309; Obras Póstumas, Parágr. 3, n. 28, p. 39. Há, também, uma pesquisa do amigo dr. Hernani Guimarães Andrade, em artigo que não tenho como localizar. Hernani chega à conclusão de que, em vista do número muito maior de habitantes da Terra, o intervalo entre uma encarnação e outra diminuiu nos últimos tempos. Ou seja, a "fila" era muito maior quando havia pouca gente encarnada por aqui...Certamente você se encontrará com a entidade que foi seu pai, bem como com outros seres que se acham ligados a você, nesta ou em existências passadas. É o que costuma acontecer. Leia, a respeito, a Questão 160, de O Livro dos Espíritos.

Durante o período da gestação, é possível que a mulher seja obsidiada? Se o processo obsessivo já existir, o obsessor é afastado?

Resposta: Sim, a mulher pode ser obsidiada antes, durante e depois da gestação. A gravidez, por si mesma, não a livra do processo obsessivo, nem leva a entidade perseguidora a afastar-se automaticamente. Em muitos casos a gravidez pode até suscitar ou agravar obsessões, quando entidades desorientadas e vingativas procuram interromper ou perturbar o processo reencarnatório, por ter problemas com a mãe, com a criança ou com ambos. A questão é complexa e os casos devem ser tratados com serenidade, compreensão, amor fraterno e prece, em grupos confiáveis que se dediquem à tarefa dita de desobsessão. Não com o objetivo de nos livrarmos da entidade perturbadora, mas para que nos pacifiquemos todos, a fim de seguirmos todos juntos e em paz os caminhos evolutivos. "Reconcilia-te com teu adversário", ensinou o Cristo, "enquanto estás a caminho com ele."

Gostei imensamente do seu livro "Nossos filhos são Espíritos"; gostaria de sua análise sobre nossa responsabilidade no processo de resgate com relação à vida conjugal, e como isto influencia a reencarnação daqueles que devem vir como filhos.

Resposta: O lar é o nosso laboratório de trabalho, pesquisa, estudo e aprendizado, bem como um ponto de reencontro. A família representa, usualmente, a melhor combinação possível de situações que levem os seres que a compõem à solução dos problemas que os afligem. É uma preciosa oportunidade que não deve ser desperdiçada, dado que a felicidade e a paz futuras dependem do que estamos fazendo hoje. As entidades que se reencarnam como nossos filhos e filhas constituem parte integrante do projeto elaborado para a vida terrena e precisam contar conosco para as tarefas que se programaram para realizar junto de nós. Releia o capítulo 21 - "A menina que chorava na calçada", no livro "Nossos Filhos são Espíritos". Leia, ainda, o capítulo que escrevi para o livro "O Espiritismo e os Problemas Humanos", do querido amigo e confrade Deolindo Amorim. É uma edição da USE, São Paulo.

É possível um espírito reencarnar em pouco tempo e dentro da mesma família onde viveu a última encarnação?

Resposta: É possível, sim, a uma entidade reencarnar-se na mesma família após alguma permanência na dimensão póstuma. A literatura espírita tem documentado numerosos e convincentes casos dessa natureza. Em "Twenty Cases Suggestive of Reincarnation", o professor Ian Stevenson apresenta (que me lembre) pelo menos dois. Um deles passou-se na geladas regiões da América do Norte, onde uma entidade reencarnou-se como filho de seu próprio filho. Ou seja, ele nasceu como neto (ou avô) de si mesmo e seus antigos filhos e filhas passaram a ser tios e tias na nova existência. Ele os reconheceu como reconheceu também seu antigo relógio de bolso que a família conservara. O outro caso narrado pelo dr. Stevenson nesse livro passou-se no Brasil, na família do professor Francisco Waldomiro Lorenz, no Rio Grande do Sul. Há uma tradução desse livro em português, mas não tenho comigo os dados. Se bem me lembro, chama-se Vinte Casos Que Sugerem a Reencarnação (Ou Sugestivos de Reencarnação).

Caro Hermínio, temos uma dúvida que até a presente data não conseguimos elucidação. No livro Evolução em Dois Mundos (André Luiz/Chico Xavier/Waldo Vieira), no capítulo sobre Simbiose Espiritual, encontramos: "Ninguém necessita, portanto, aguardar reencarnações futuras, entretecidas de dor e lágrimas, em ligações expiatórias, para diligenciar a paz com os inimigos trazidos do pretérito, porque, pelo devotamento ao próximo e pela humildade realmente praticada e sentida, é possível valorizar nossa prece, atraindo simpatias valiosas, com intervenções providenciais, em nosso favor."Nossa questão: Pode um Espírito em uma única reencarnação resgatar todos os seus débitos do passado e anular a vingança de seus inimigos espirituais, através do exemplo do amor puro aos semelhantes ?

Resposta: Parece-me que a pergunta deve ser reformulada. André Luiz está dizendo que não é necessário esperar por reencarnações futuras para nos reconciliarmos com nossos adversários ou com aqueles a quem prejudicamos; podemos começar desde já a tarefa, com a nossa própria reeducação, o hábito da prece, a prática do amor ao próximo, o reaprendizado da vida, enfim. Ele não diz que estaremos, dessa maneira, resgatando numa só existência, todos os erros cometidos. Temos testemunhado exemplos vivos disso, em nossos trabalhos mediúnicos, no decorrer de quase 40 anos. Entidades indignadas que conseguimos resgatar com paciente argumentação, compreensão e amor, tinham ligações conflituosas com membros do nosso próprio grupo. Não foi preciso, nesses casos, esperar futuras existências de atrito e sofrimento, para trabalhar nossas divergências. Em outras palavras: "adiantamos o serviço" da reconciliação, que teria de ser feito mais tarde, em futuras reencarnações.

Como se dão as reencarnações regidas pelo automatismo? Esta situação abrange os casos de reencarnação forçada que os espíritos de pouca luz unidos em falanges impõem a seus subjugados?

Resposta:Há reencarnações com um componente de compulsoriedade, obviamente em benefício da entidade reencarnante. O livro Prontuário da Obra de Allan Kardec, de Deoclécio de Demócrito, recomenda ler, sobre este aspecto, a Questão 262, em O Livro dos Espíritos.
Recorro, ainda, ao Indicador Espírita, compilado por outro meticuloso e competente confrade, João Gonçalves. Veja o que contém o verbete número 2155:"Reencarnações se processam muita vez sem qualquer consulta aos que necessitam segregação em certas lutas no plano físico, qual enfermos e criminosos que, pela própria condição ou conduta, perderam temporariamente a faculdade de resolver quanto à sorte que lhes convém. Incapazes de eleger o caminho de reajuste, são decididamente internando na cela física como doentes isolados sob assistência precisa. Vemo-los, assim, repontando de lares faustosos ou paupérrimos, ao lado daqueles que lh devem abnegação e carinho, contrariando por vezes até certo a hereditariedade, por representarem dolorosas exceções no caminho normal."São indicados, nesse verbete, as seguintes fontes de consulta: Evolução em Dois Mundos, Entre a Terra e o Céu, Missionários da Luz, Nosso Lar, No Mundo Maior, Obreiros da Vida Eterna, todos de André Luiz e mais: Autodescobrimento - uma busca interior, de Joanna de Ângelis e ainda, As Mil Faces da Realidade Espiritual, de Herminio C. Miranda, bem como Nascer e Renascer (?) e, finalmente, O Problema do Ser, de Léon Denis.Sobre a segunda parte de sua pergunta, lembro meu artigo "O médium do Anti-Cristo" (Reformador, março e abril de 1976), no qual é examinada a hipótese de reencarnações de um mesmo grupo de entidades em torno de Adolf Hitler.

Qual a participação da espiritualidade e do mentor do reencarnante, no retorno do espírito à carne?

Resposta: Pelo que sabemos, mentores e amigos espirituais participam da elaboração de nossos planos reencarnatórios, ajudando-nos na escolha das prioridades que nos convêm programar segundo nossas possibilidades e limitações. Mais uma vez, recomendo a leitura de André Luiz para melhor entendimento de tais aspectos.

Na sua opinião, quais benefícios reais o espírito obtém com a reencarnação? Ele não poderia evoluir apenas na erraticidade?

Resposta:Sobre o objetivo da encarnação, leia a Questão 132, de O Livro dos Espíritos. Quanto ao progresso na erraticidade, diz a Questão 230: "(O Espírito) pode melhorar-se muito (na erraticidade) tais sejam o desejo que tenha de consegui-lo. Todavia, na existência corporal é que põe em prática as idéia que adquiriu." Veja, ainda, a Questão 330 a).:
" Então, a reencarnação é uma necessidade da vida espírita, como a morte o é da vida espiritual?
Reposta: Certamente; assim é."

Allan Kardec, em A Gênese, postula que a consciência espiritual vai diminuindo com a proximidade do parto, sendo que no nascimento o espírito estaria completamente inconsciente. No seu livro "Nossos filhos são Espíritos", o Sr. transcreve narrativas, obtidas através de regressão, que algumas pessoas fazem sobre a situação na hora do nascimento. Como conciliar estas duas informações?
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Resposta: É pertinente a observação da leitora (ou leitor). No texto que escreveu para A Gênese, Kardec refere-se ao estado de perturbação do espírito a partir do momento em que é "apanhado pelo laço fluídico" que o prende ao corpo físico em início de formação. Prossegue o Codificador, declarando que esse estado de perturbação intensifica-se durante a gestação, "perdendo o Espírito, nos últimos momentos (quando começam os trabalhos de parto) toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhe hão de servir às manifestações." Na Questão 380, os Espíritos se haviam manifestado de modo semelhante, ao dizerem que "A perturbação que o ato da encarnação produz no Espírito não cessa de súbito, por ocasião do nascimento. Só gradualmente se dissipa, com o desenvolvimento dos órgãos."De qualquer modo, as técnicas regressivas e as regressões espontâneas da memória não confirmam generalizado estado de perturbação na entidade reencarnante, ao mesmo tempo em que demonstram nela perfeita consciência de si mesma durante a gravidez e no momento do parto. Alguma modalidade de consciência, portanto, está funcionando nessas fases.

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