20 março 2009

Triunfo Pessoal (por Joanna de Ângelis)

Seguem algumas considerações da Mentora Joanna de Angelis a respeito de temas como: Sentimentos, Insegurança Pessoal, Depressão, Vingança, Fobia e outros. (Tópicos retirados do livro Triunfo Pessoal).

SENTIMENTOS
Os sentimentos expressam a capacidade que possui o ser humano de conhecer, de compreender, de sentir e compartir as emoções que o vitalizam nas suas diversas ocorrências existenciais.
São os mecanismos que conduzem a Humanidade ao largo do processo evolutivo através do qual, o Self adquiriu o conhecimento e experienciou as conquistas que lhe exornam a realidade.
(...) Quando se encontram sob o comando da vontade dignificada, os sentimentos constituem instrumentos valiosos para equipar o indivíduo de equilíbrio e conduzi-lo aos fins que persegue. São os sentimentos que dulcificam ou tornam a existência amarga, dependendo dos direcionamentos que lhes são aplicados.


(...) No princípio do processo evolutivo, porém, eles se encontram em germe nos instintos agressivos ou primários, que os vão liberando até o momento em que passam a exercer atividades especiais na conduta, direcionando as aspirações e os anseios para o belo, o nobre, o bom e o elevado. São eles que facultam a compreensão da dignidade através da cooperação da razão e da consciência, produzindo os vínculos que unem os seres uns aos outros e propiciam o entendimento das necessidades dos relacionamentos, da busca de união e entrosamento, porque, estando isolado, o ser se perturba e se consome.
À aridez do instinto a fertilidade do sentimento enriquece o ser humano, dando-lhe empatia para lu­tar e coragem para vencer, mesmo quando as dificul­dades se apresentam mais desafiadoras. Sob o seu comando, quanto mais desenvolve a capacidade de compreender e sentir, mais amplia os horizontes do amar e do servir.
Entre os animais, manifestam-se esses sentimen­tos sem a presença do discernimento nem da razão, mas através de impulsos, que são os pródromos da emoção que, desse modo, os conduzem à afetividade por aqueles que os cuidam e mantêm, aguçando-lhes a percepção de valores que, embora não decodifica­dos pela consciência ainda embrionária, os propelem a inúmeras expressões que traduzem a sensibilidade em desenvolvimento.
Trabalhando-se os instintos e corrigindo-lhes o direcionamento, os sentimentos substituem-nos na sua maioria e alimentam de emoção superior aqueles que são primordiais e essenciais à existência física, sem inibirem ou perturbarem as emoções que são um pas­so avançado na escala do progresso.
(...) Desenvolvendo as aptidões da afetividade, sur­gem os impulsos da amizade e da compreensão, do dever e da fraternidade, da bondade e da abnegação, das aspirações pela conquista do conhecimento, da arte, da ciência, do pensamento filosófico... Posteriormente esses impulsos iniciais se transformam em conquistas que se inserem no comportamento emocional. Como conseqüência, os vazios que decorrem da não predominância da natureza animal são preenchidos pelos ideais, aos quais o indivíduo oferece a própria vida quando necessário, por compreender o significa­do da luta e da existência.
(...) Apesar do alto significado que possuem os sentimentos, torna-se necessário que a razão sempre os conduza, de forma que não se transformem em desarmonia, porque as suas tentativas iniciais de plenitude não encontraram ressonância no mun­do objetivo, proporcionando os prazeres que se aguardavam.
(...) À medida que o ser humano evolui, maior se torna a sua capacidade espiritual de externar os sentimentos que lhe exornam as estruturas íntimas, ampliando a capacidade de entendimento da vida e dos seus conteúdos mais variados, profundos e superficiais, graves e sutis, que são todo o patrimônio alcançado ao largo do inevitável processo antropossociopsicológico.
Pode-se medir, portanto, o grau de adiantamento moral do indivíduo pelos sentimentos de que se faz portador e que expressa no seu dia-a-dia.

INSEGURANÇA PESSOAL
O conceito de saúde é ainda muito defasado en­tre as pessoas, que sempre o consideram falta de do­enças instaladas no organismo ou de transtornos emo­cionais e mentais estabelecidos e classificados. Não poucas vezes, experimentando-se fenômenos de instabilidade interior, de insegurança pessoal ou de aflições, em aparentes causas que os justifiquem, não se dão conta do significado desses distúrbios que merecem cuidadosa análise e avaliação, a fim de se­rem modificados nas suas estruturas fixadas na personalidade, por meio de terapia adequada.
Esse maravilhoso conjunto de fenômenos, que se harmonizam no ser humano, constituído pela energia pensante, a energia modeladora e a energia condensada, constitui um dos mais notáveis contributos da Vida no Universo. Poderoso, pelas suas resistências para vencer dificuldades e alterar os panoramas por onde tem transitado o ser é, ao mesmo tempo, na sua constituição física, frágil, porque pode ter interrompida a existência orgânica por uma picada de inseto conta­minado por vírus devastador ou um choque emocio­nal poderá vencê-lo, prostrando-o, em largo estado de paralisia e coma, que lhe anulam a lucidez e lhe impe­dem prosseguir nos compromissos que lhe dizem res­peito atender.
A complexidade do seu mecanismo psicológico vem sendo, a pouco e pouco, penetrada, graças ao que se torna factível auxiliá-lo na solução dos conflitos que o acompanham em forma arquetípica ancestral ou herança espiritual que necessitam ser transmutadas de sombra para luz. Nesse processo evolutivo, os alicerces do inconsciente vão se modificando, enquanto novos contributos são oferecidos, a fim de que pos­sam construir as possibilidades ainda não logradas através do tempo e dos esforços da mente orientada para o bem-estar, o equilíbrio, a saúde real.
(...) É natural, e mesmo normal, que se apresentem desafios no comportamento diário, e a pessoa receie não ter condições de os enfrentar de maneira enriquecedora. Toda experiência nova produz impacto que deve ser superado, estimulando ao prosseguimento das atividades. Esse receio lógico, que se fundamen­ta no desejo de se conseguir vencer e não se encon­trar equipado com os recursos hábeis, constitui um fenômeno emocional perfeitamente compreensível. No entanto, essa pertinaz incerteza, quanto às possibili­dades existentes para a luta, acreditando-se sem oportunidade de desenvolver novos valores, ao lado do sentimento de inferioridade, são manifestações de conflito que devem ser enfrentados com decisão, mesmo que se experimentando angústia nas primeiras tentativas terapêuticas.
A existência corporal é ensancha de crescimento espiritual e de aquisição de infinitos recursos iluminativos, que constituem a grande meta da existência humana aguardando ser conseguida.
Superando os patamares inferiores do processo, vão-se conquistando novos níveis de conhecimento e de sentimento, ao tempo que se descobre que, cada passo adiante, faculta mais possibilidade de serem vencidos os novos enfrentamentos.
Uma saudável empatia toma então o indivíduo que se encoraja a prosseguir com altivez, superando os desalinhos interiores, por melhor interpretá-los, não lhes concedendo maior significado emocional e per­mitindo-se de forma agradável ser possuidor de limi­tes que cumpre superar.
A insegurança pessoal, desse modo, remanesce de vivências atuais – educação no lar mal orientado, mãe castradora, pai negligente, família desestrutura­da e vencida por brigas contínuas, nas quais a des­consideração aos diversos membros indu-los à perda da auto-estima - e de vivências pretéritas, nas quais a conduta malsã foi característica predominante do ego que experienciou abusos do poder, do prazer e do dever, deixando resquícios de culpa insculpidos no inconsciente. Ressumando dos dramas angustiantes que o comportamento anterior produziu em outras existências que ficaram estioladas, o juiz interior estabeleceu a necessidade do resgate dos crimes, apresentando-se na atualidade como uma espada de Dâ­mocles oscilante, e que se encontra presa por delica­do fio prestes a cair sobre a cabeça do condenado.
Diante de tal situação, cabe ao paciente uma análise honesta da sua realidade atual e da sua conduta contemporânea, avaliando os recursos que possui, sem auto-recriminação ou autopunição, passando a vivenciar experiências possíveis de serem completadas, ampliando o seu raio de ação moral-emocional, atra­vés de cujas contínuas vitórias possa adquirir autoconfiança e autovalorização. Não se compadecendo do conflito entranhado nos painéis do inconsciente, irá substituindo-o pela alegria de poder percorrer novos caminhos, conviver com diferentes pessoas e situações de maneira agradável e compensadora.
(...) Quanto mais alguém foge de um problema, mais difícil se lhe torna equacioná-lo. A melhor maneira de o enfrentar começa no esforço para diminuir-lhe o conteúdo emocional perturbador, nele vendo, pelo contrário, a possibilidade de mais enriquecimento através de uma comunicação injuntiva em relação com a vida.
O que constitui insegurança, incerteza afligente, cabe converter em experiência viva e significativa por meio do esforço para saber-se em condições de triunfar, o que depende exclusivamente daquele que se empenha por consegui-lo.

A LUTA CONTRA AS PAIXÕES PRIMITIVAS
Uma psicoterapia eficiente libera o paciente não só dos conflitos, mas também das paixões primitivas, que passam a ser direcionadas com equilíbrio, trans­formando os impulsos inferiores em emoções de har­monia. As imagens arquetípicas que emergem do in­consciente pessoal, heranças algumas dos instintos agressivos que predominam em a natureza humana, resultantes do processo antropossociopsicológico, tornam-se diluídas pela razão, em um trabalho de conscientização das suas inclinações más e imediata supe­ração, conforme acentua Allan Kardec, o ínclito Codi­ficador do Espiritismo. .
Essas inclinações más ou tendências para atitudes primitivas, rebeldes, perturbadoras do equilíbrio emocional e moral, são heranças e atavismos insculpidos no Self, em razão da larga trajetória evolutiva, em cujo curso experienciou o primarismo das formas ancestrais, mais instinto que razão, caracterizadas pelos impulsos automáticos do que pela lógica do dis­cernimento.
Impregnando o ego com a sua carga de paixões asselvajadas, necessitam ser trabalhadas com afinco,a fim de que abandonem os alicerces do inconsciente, no qual se encontram, e possam ser dissol­vidas, substituídas pelos mecanismos dos sentimentos de amor, de compaixão, de solidariedade.
Indutoras a reações, nas diversas situações do comportamento, também respondem por vários con­flitos da personalidade, que são desencadeados pelo convívio no lar, na dependência da mãe castradora, da super-mãe, do pai negligente e competitivo, ou mesmo nos confrontos da sociedade, em cujo grupo o ser se encontra situado para viver e desenvolver os valores pessoais.
Nos tormentos que assaltam esse indivíduo, ele se vê constrangido a fugir, a ocultar-se dos demais, ampliando a mágoa contra a sociedade e contra ele próprio, ampliando os sentimentos de amargura, de frustração e de rejeição, assim tornando-se agressivo, medroso e temperamental.
Alguns transtornos depressivos podem desenvol­ver-se nessa oportunidade, como resultado desses eventos de vida, que são assimilados pela natureza animal, desbordando em traumas e melancolia pre­nunciadores de distúrbios na área da afetividade.
À medida que o ego se faz consciente dos valores ínsitos no Self, torna-se factível uma programação saudável para o comportamento, trabalhando cada difi­culdade, todo desafio, mediante a reconciliação com a sua realidade eterna.
(...) A necessidade de trabalhar as tendências primárias, os instintos dominantes e primitivos, torna-se intransferível em todos os indivíduos. Todo esse patri­mônio psicológico ancestral que nele permanece, cons­titui-lhe patamar inicial do processo para a aquisição da consciência, que não pode ser violentado, sem graves prejuízos, no que diz respeito a outras manifestações que fazem parte da realidade dos próprios instintos.
Essa batalha íntima se faz possível graças aos estímulos que decorrem dos primeiros resultados, sempre salutares, quando são vencidas as etapas iniciais da luta interna que se processa com naturalidade.
Como não se podem preencher espaços ocupados, faz-se imperioso substituir cada impulso perturbador por um sentimento enobrecido, ampliando a área de compreensão da vida e disputando a harmonia no co­metimento da saúde.
(...) Todo e qualquer empreendimento psicoterapêu­tico deve trabalhar em favor da libertação do paciente de quaisquer amarras e dependências conflitivas, tor­nando-o capaz de avançar vivenciando as impressões edificantes, mediante imagens arquetípicas que irão sendo insculpidas no seu inconsciente pessoal, supe­rando aquelas que procedem do passado de perturbação e primarismo.

DEPRESSÃ0
Na raiz psicológica do transtorno depressivo ou de comportamento afetivo, encontra-se uma insatisfação do ser em relação a si mesmo, que não foi solucionada. Predomina no Self um conflito resultante da frustração de desejos não realizados, nos quais impul­sos agressivos se rebelaram ferindo as estruturas do ego que imerge em surda revolta, silenciando os an­seios e ignorando a realidade. Os seus anelos e praze­res disso resultantes, porque não atendidos, conver­tem-se em melancolia, que se expressa em forma de desinteresse pela vida e pelos seus valiosos contribu­tos, experienciando gozos masoquistas, a que se per­mite em fuga espetacular do mundo que considera hostil, por lhe não haver atendido as exigências.
Sem dúvida, outros conflitos se apresentam, e que podem derivar-se de disfunções reais ou imaginárias da libido, na comunhão sexual, produzindo medos e surdas revoltas que amarguram o paciente, especial­mente quando considera como essencial na existên­cia o prazer do sexo, no qual se motiva para as con­quistas que lhe parecem fundamentais.
Vivendo em uma sociedade eminentemente eró­tica, estimulada por um contínuo bombardeio de ima­gens sonoras e visuais de significado agressivo, tra­balhadas especificamente para atender as paixões sensuais até a exaustão, não encontra outro motivo ou significado existencial, exceto quando o hedonis­mo o toma e o leva aos extremos arriscados e antina­turais do gozo exorbitante.
Ao lado desse fator, que deflui dos eventos da vida, o luto ou perda, como bem analisou Sigmund Freud, faz-se responsável por uma alta cifra de ocorrências depressivas, em episódios esparsos ou contínuos, as­sim como em surtos que atiram os incautos no fosso do abandono de si mesmo. Esse sentimento de luto ou perda é inevitável, por ferir o Self ante a ocorrência da morte, sempre considerada inusitada ou detesta­da, arrebatando a presença física de um ser amado, ou geradora de consciência de culpa, quando sucede imprevista, sem chance de apaziguamento de inimizades que se arrastaram por largo período, ou ainda por atos que não foram bem elaborados e deixaram arrependimento, agora convertidos em conflito puni­tivo. Ainda se manifesta como efeito de outras perdas, como a do trabalho profissional, que atira o indi­víduo ao abismo da incerteza para atender a família, para atender-se, para viver com segurança no meio social; outras vezes, a perda de algum afeto que preferiu seguir adiante, sem dar prosseguimento à vinculação até então mantida, abrindo espaço para a solidão e a instalação de conflito de inferioridade; sob outro aspecto ainda, a perda de um objeto de valor estimativo ou monetário, produzindo prejuízo de uma ou de outra natureza...
Qualquer tipo de perda produz impacto aflitivo, perturbador, como é natural. Demora-se algum tem­po, que não deve exceder a seis ou oito semanas, o que constitui um fenômeno emocional saudável. No entanto, quando se prolonga, agravando-se com o passar do tempo, torna-se patológico, exigindo tera­pêutica bem elaborada.
Pode-se, no entanto, evitar as conseqüências en­fermiças da perda, mediante atitudes corretas e pre­ventivas.
Terapia profilática eficaz, imediata, propiciadora de segurança e de bem-estar, é a ação que torna o indivíduo identificado com os seus sentimentos, que deve exteriorizar com freqüência e naturalidade em relação a todos aqueles que constituem o clã ou fa­zem parte da sua afetividade.
(...) A inevitável transferência de dramas e tragédias de uma para outra existência carnal, insculpidos que se encontram nos refolhos do Eu profundo - o Espirito viajor de multifários renascimentos carnais - ressumam como conflito avassalador, a princípio em mani­festação de melancolia, de abandono de si mesmo, de desconsideração pelos próprios valores, de perda da auto-estima...
(...) Pacientes predispostos por hereditariedade à in­cursão no fosso da depressão, carregam graves pro­cedimentos negativos de experiências remotas ou próximas, que se fixaram no Self, experimentando o im­positivo de liberação dos traumas que permanecem desafiadores, aguardando solução que a psicoterapia irá proporcionar.
Uma catarse bem orientada eliminará da consci­ência a culpa e abrirá espaços para a instalação do otimismo, da auto-estima, graças aos quais os valores reais do ser emergem, convidando-o à valorização de si mesmo, na conquista de novos desafios que a saú­de emocional lhe irá facultar, emulando-o para a individuação, para a conquista do numinoso.
Em razão do largo processo da evolução, todos os seres conduzem reminiscências que necessitam ser trabalhadas incessantemente, liberando-se daquelas que se apresentam como melancolia, insegurança e receios infundados, desestabilizando-o. Ao mesmo tempo, estimulando-se a novas conquistas, enfrentan­do as dificuldades que o promovem quando vencidas, descobre todo o potencial de valores de que é porta­dor e que necessitam ser despertados para as vivên­cias enriquecedoras.
O hábito saudável da boa leitura, da oração, em convivência e sintonia com o Psiquismo Divino, dos atos de beneficência e de amor, do relacionamento fra­ternal e da conversação edificante constituem psico­terapia profilática que deverá fazer parte da agenda diária de todas as pessoas.

VINGANÇA
(...) A vingança é transtorno neurótico soez, que liber­ta do inconsciente as forças desordenadas aí adorme­cidas, irrompendo com ferocidade e ligeireza sob o estímulo do combate ao inimigo. É curioso notar que o inimigo não é aquele que se torna combatido, mas o inconsciente transfere dos seus arcanos a inferiorida­de do ser, que é inimigo do progresso, do bem, da or­dem, para atirar noutrem, em fenômeno de projeção e que guarda internamente, detestando-o. Ao armar-se de calúnia e de mecanismos de perseguição contra aquele a quem passa a odiar, está realizando uma luta inconsciente contra si mesmo, aquele outro que está escondido no lado escuro da sua personalidade, que se lhe demora oculto na sombra.
Fixa-se no adversário com implacabilidade, e suas metas se reduzem a essa inglória batalha pela sua extinção, do que dependerá a sua liberdade, a partir desse momento. Assim, transtornado, emite ondas deletérias contra o outro, estabelecendo uma comuni­cação psíquica se encontra receptividade em quem lhe padece a campanha, que termina por minar as for­ças daquele que considera seu opositor.
Além da inferioridade moral que tipifica o vinga­dor, o seu primarismo emocional elabora razões ponderosas que lhe surgem na mente em desalinho para dar prosseguimento à façanha, nascidas no inconsci­ente pessoal profundo, que remanescem de outras existências do Seif, quando se desarmonizou com este a quem ora enfrenta e desafia para o duelo covarde. Em outras situações, a inferioridade se levanta, e não se sentindo possuidora de recursos para competir mediante valores significativos, cultiva a antipatia que se avoluma e a transforma em fúria, que somente se aplaca quando está lutando contra aquele que o ator­menta, mesmo que esse não o saiba, que não tenha a intenção de assim proceder, pois que ignora a situa­ção infeliz do seu adversário.
(...) Aqueles que se apoiam em mecanismos vingati­vos sempre foram vítimas de repressão infantil e juve­nil, sentiram-se desprezados pelo grupo social e trans­ferem agora suas frustrações para quaisquer outros, desde que isso os transforme em pessoas portadoras de poder e ambiciosos dirigentes de qualquer coisa, em que a personalidade doentia passa a ser homena­geada, fruindo de destaque, embora a conduta esqui­zóide, maneirosa, falsamente humilde ou pretensio­samente dominadora.
Sujeitos a esgares ou a convulsões epilépticas, ou a simples ausências, são personalidades psicopatas perigosas, porque traiçoeiras, que sabem simular muito bem os sentimentos íntimos e urdem planos macabros sob o açodar da psique ambivalente, doentia, dissociada e com predomínio da faceta mórbida.
Todo um trabalho psicoterapêutico profundo deve ser apresentado como proposta de recuperação para pacientes dessa natureza, remontando-se a uma psi­canálise que lhe chegue à infância, de forma a erradi­car pela catarse os traumas e conflitos arraigados, assim alterando-lhes a conduta pessoal com base em novos valores que lhe serão apresentados de maneira afável e duradoura, não raro com ajuda também de terapia psiquiátrica para a remoção de possíveis ex­tratos epilépticos ou esquizofrênicos, que se fazem necessitados de fármacos e barbitúricos específicos.
O amor - que tudo fazem para não conseguir – ­igualmente é-lhes muito valioso, embora reajam por desconfiança e ambivalência de conduta, gerando no enfermo um clima de simpatia e amizade, normalmen­te difícil de estruturada, em razão dos muitos tormentos que o avassalam.

FOBIA
Entre as perturbações desencadeadas pela ansiedade, destacam-se, invariavelmente, as fobias, que se tratam de um medo irracional de determinado objeto, situação ou circunstância.
Denominadas no passado de maneira especial na língua grega, essas perturbações apresentavam-se de maneira esdrúxula e ameaçadora.
Face à variedade de objetos e circunstâncias que as desencadeiam, passaram a constituir um capítulo denominado como de fobias específicas. A que se re­fere às alturas - acrofobia -, dos recintos fechados - claustrofobia -, das multidões - oclofobia -, dos gatos - ailurofobia -, dos micróbios - bacilofobia...
O que chama a atenção, é o medo em si mesmo, porque destituído de qualquer racionalidade, pela impossibilidade da ocorrência de qualquer mal ou prejuízo, no entanto irresistível, levando ao desespero aqueles que lhes sofrem o aguilhão. Face a essa irraci­onalidade, o paciente está preocupado com algo que lhe aconteça e o infelicite, gerando-lhe dissabor e so­frimento, mesmo que todas as análises dos fatos demonstrem a total impossibilidade disso ocorrer.
(...) Quando a pessoa foi vítima de um animal ou de uma circunstância desagradável, isso poderá desencadear uma fobia específica em relação à ocorrên­cia. Normalmente, porém, generaliza-se esse esta­do fóbico em relação a outros estímulos, mesmo que não apresentem perigo. Despertado esse estímulo perturbador em outra circunstância, o medo ressur­girá e se expressará em condicionamento a outros diferentes estímulos.
(...) As fobias estão associadas espiritualmente a condutas incorretas anteriormente vivenciadas, quando se permitiram os indivíduos abusos e crueldades, ou sofreram sepultamento em vida, considerados mortos e estando apenas em estado cataléptico, despertan­do depois e vindo a falecer em situação deplorável, desenvolvendo a claustrofobia, ou foram vítimas de crueldades em praças e ambientes abertos, diante da massa alucinada, desencadeando agorafobia e fobia social, etc. Noutros aspectos, ocorrências traumáticas não superadas, transferiram os estímulos geradores de sofrimentos que ora se converteram em fobias es­pecificas.
Ao lado de diversas psicoterapias valiosas capa­zes de reverter o quadro fóbico, não há como negar-se a valiosa psicanálise, bem como a terapia regressiva a existências passadas, de acordo com cada distúr­bio, de modo a encontrar-se o estímulo traumático e trabalhá-lo cuidadosamente, assim interrompendo-lhe a força associativa.
Não obstante os resultados positivos que possam resultar, é conveniente não se esquecer da renovação moral do paciente, da sua mudança mental de atitude para com a vida, ao mesmo tempo laborando em favor do grupo social, portanto de si mesmo, com vistas ao seu futuro saudável e feliz.

NECESSIDADE DA FÉ RELIGIOSA
A crença religiosa pode expressar-se sob dois aspectos psicológicos: um castrador, proibitivo, gerador de culpa, e outro estimulante, psicoterapêutico, consolador.
No primeiro, apresenta-se como fenômeno de transferência dos conflitos que parecem apaziguar-se mediante a eleição de uma confissão doutrinária que pertence ao indivíduo, portanto tornando-o melhor e mais presunçoso do que os demais, em uma falsa auto­realização, por efeito, não raro, de dificuldade de ajus­tamento e vitória no meio social. Trata-se da fé cega, aquela que impõe seus dogmas e conteúdos sem permitir reflexão nem análise, contribuindo para que o adepto sinta-se autoconfiante e aparentemente pleno. Os seus conflitos, dessa maneira, não são superados, mas recalcados no inconsciente e espocam em ­clima de fanatismo que se exterioriza mediante as perseguições de lamentáveis conseqüências – resultado da insegurança pessoal e da instabilidade emocional.
No segundo, oferecendo oportunidade de reflexões e aprofundamentos numinosos, estabelece parâmetros de segurança através da contribuição dos estudos ci­entíficos, que demonstram a realidade dos seus pos­tulados doutrinários. Suportando os desafios experi­mentais em laboratórios, torna-se racional e lógica, pois que possui um suporte filosófico para explicar as ocorrências morais, sociais, do destino, do sofrimento e as infinitas possibilidades de triunfo em relação ao futuro. Evidentemente, não se trata do triunfo apenas material, mas, conforme acentuou Jesus, que Ele vencera o mundo, refere-se portanto, ao triunfo interior. Essa ânsia tresvairada e patológica de vencer no mun­do econômico, social, político ou sob qualquer aspec­to material em que se apresente, gera conflito, porque desenvolve a ansiedade mórbida. A vitória, porém, sobre o mundo das paixões, das disputas perturbado­ras, eis a proposta psicoterapêutica da fé religiosa, que faculta a compreensão das ocorrências negativas, en­sejando resignação ante aquelas que não sejam as es­peradas, as agradáveis, mas que, bem compreendi­das, podem ser dinamicamente transformadas em re­cursos de harmonia e de bem-estar.
(...) A fé religiosa segura, resultado da experiência pessoal com a transcendência, faculta uma perfeita integração do ego com o Self, auxiliando-o no deciframento de muitas incógnitas íntimas, que desapare­cem, eliminando possíveis fatores de insegurança emocional. Esse encontro com a transcendência pode ser denominado como experiência mística, aquela que dilata os horizontes do psiquismo na direção de outras realidades não palpáveis, no entanto existentes e vibrantes no Universo.
Na análise entre o dogma religioso e o fato cientí­fico, não poucas vezes se tem afirmado que o primei­ro, porque impõe e abrange a totalidade, e sendo irra­cional, porque afirma e reproduz a existência psíqui­ca, possui mais poder psicológico sobre o indivíduo do que a ocorrência racional que produziu a teoria em que se expressa.
(...) Apesar do sentido positivo do dogma das religiões em determinadas circunstâncias, não se pode ne­gar a excelência da fé religiosa racional, que enfrenta a culpa de forma positiva, analisando a dramatização do pecado e possuindo os instrumentos específicos para a redenção através da reparação do mal que se haja praticado pelo bem que se pode realizar.
A análise racional do erro e do pecado, do escândalo e do crime cometidos, enseja a consciência da des­necessidade do sofrimento como mecanismo de liberta­ção, oferecendo, em contrapartida, a ação benfazeja, dignificadora, que levanta a vítima e apazigua o algoz, que reorganiza os valores desrespeitados e equilibra o grupo social, facultando bem-estar naquele que temia e agora ama, que se atormentava e agora se acalma.
(...) A fé religiosa, em sua necessidade de harmonização do ser humano, é uma experiência pessoal e intransferível, que pode ser despertada por outrem, todavia tem que ser vivenciada pelo indivíduo

Fonte: http://www.evangelho.espiritismo.nom.br/livros/livro.asp?Id_Livro=62

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