09 junho 2007

Meio Ambiente e Espiritismo


Meio Ambiente e Espiritismo

(por Neyde Maria Santos Gonçalves)


Objetivo
Refletir sobre a vida no Planeta Terra nos aspectos de conservação e/ou preservação, relacionando-os ao conhecimento que a doutrina espírita oferece no sentido da conscientização sobre a questão ambiental.

1. Introdução
- Os conceitos de meio ambiente, preservação, conservação e poluição.
-O Planeta Terra como um Sistema e como parte de um Sistema: sua dinâmica e suas inter-relações.
-O aparecimento do homem e seu impacto sobre o meio ambiente, num caráter evolutivo, destacando-se a questão do tempo (a história geológica e a história do homem) nas transformações do espaço planetário.
- O meio técnico-científico informacional e o processo de globalização, na atualidade.

2. A Eclosão da Questão Ambiental e a tomada de Consciência: Crise de Civilização

- As raízes e a sua emergência a partir da 2ª. Guerra Mundial.
- A década de 1960 e os movimentos ambientalistas.
- As conferências mundiais sobre o Meio ambiente: Paris (1968), Estocolmo (1972), Rio-92 entre outras. O Relatório Blundtland (1988).
- O Protocolo de Montreal (1987), O Protocolo de Kyoto (1997) e seus resultados.
- O Painel Intergovernamental das Mudanças Climáticas (1988).

3. O Quadro Atual das Questões Ambientais

3.1. Os conceitos de impacto ambiental e desastres e/ou catástrofes naturais.

3.2. Principais impactos e/ou problemas:

- O aumento da população mundial e sua concentração nas áreas urbanas.
- Problemas ambientais urbanos.
- Problemas ambientais na agricultura.
- Desmatamento.
- O processo de industrialização.
- Poluição do ar, do solo e dos recursos hídricos.
- A problemática dos resíduos sólidos.

3.3. Mudanças ambientais globais:

- O “buraco” na camada de ozônio.
- O aquecimento global, suas causas e conseqüências:
- O efeito estufa natural.
- A ação do homem: a concentração de gases “estufa” na atmosfera, suas conseqüências e impactos no ambiente planetário.
- A ciência e a mídia.

4. Visão Espírita

4.1. Transformação / Conservação

- Os homens, para prover suas necessidades, são obrigados a transformar os recursos naturais, usá-los e conservá-los, visando o bem comum, sem causar prejuízo à dinâmica do equilíbrio planetário.
- O conceito de desperdício.
-A lei de conservação.
- A lei de destruição.
- Catástrofes e desencarnes em massa (flagelos).

5. Conclusão


O Planeta Terra oferecer-nos-á sempre o necessário desde que saibamos utilizar, racionalmente, os recursos naturais disponíveis. Não se pode esquecer que existe uma lei natural que rege todas as nossas ações – a lei de causa e efeito. Assim, uma reflexão sobre as Leis Morais, contidas nos ensinamentos de Kardec, nos tornará mais capacitados a compreender melhor o valor dos recursos do Planeta que a Divindade nos empresta para auxiliar a nossa evolução espiritual.

Bibliografia
- Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento. Nosso Futuro Comum. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1988.
- KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de José Herculano Pires. Capivari, SP: Ed. EME, 1996.
- LEFF, Enrique. Epistemologia Ambiental. São Paulo: Cortez, 2000.
-LEGGET, Jeremy (editor responsável). Aquecimento Global. O Relatório Greenpeace. Rio de Janeiro: Ed. Fundação Getúlio Vargas, 1992.
-RIBEIRO, Wagner C. A Ordem Ambiental Internacional. São Paulo: Contexto, 2001.
- SANTOS, Milton. A Redescoberta da Natureza. São Paulo: USP, 1992.
Artigos vários – Revistas e Jornais da Atualidade

Prezado Leitor, Segue abaixo capítulo que deu origem ao tema Meio Ambiente e Espiritismo, discutido em 12.05.07.

Livro “ Os Mensageiros” – André Luiz
Capítulo 42 - Evangelho no Ambiente Rural


Apagados os comentários mais vivos, relativamente ao episódio desagradável, o superior hierárquico daquela grande turma de trabalhadores espirituais indagou do nosso orientador, com delicadeza:
— Nobre Aniceto, valendo-vos da oportunidade, poderíeis interpretar para nós outros alguma das lições evangélicas, ainda hoje?
Aniceto aquiesceu, pressuroso.
Notei que o interesse em torno do assunto era enorme.
Com grande surpresa, vi que os servidores da gleba traziam ao estimado mentor um livro, que não tive dificuldades em identificar. Era um exemplar do Evangelho, que Aniceto abriu firmemente, como quem sabia onde estava a lição do momento.
Fixando a página escolhida, começou a meditar, enquanto sublimada luz lhe aureolava a fronte. Houve profundo silêncio. Todos os colaboradores demonstravam grande interesse pela palavra que se fazia. Tudo era de aspecto imponente e calmo na Natureza. Um rebanho bovino acercara-se de nós, atraído por forças magnéticas que não consegui compreender. Alguns muares humildes chegaram, igualmente, de longe. E as aves tranqüilizaram-se nas frondes fartas, sem um pio. A única voz que toava, leve e branda, era a do vento, sussurrando harmonia e frescura. A paisagem não podia ser mais bela, vestida em ouro líquido do Poente. Excetuada a rusticidade natural do quadro vivo, o ambiente sugeria recordações fiéis dos verdes salões de “Nosso Lar”.
Aniceto, mergulhando o olhar no Sagrado Livro, leu em voz alta os versículos 19, 20 e 21 do capitulo 8, da Epístola aos Romanos:
— “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus. Porque a criação ficou sujeita a vaidade, não por sua vontade, mas por causa do que a sujeitou, na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para a liberdade da glória dos filhos de Deus.”
Em seguida, refletiu alguns instantes e comentou, com evidente inspiração:
— Irmãos, recebamos a bênção do campo, louvando o Amor e a Sabedoria de Nosso Pai! Exaltemos o Soberano Espírito de Vida, que sopra em nós a força eterna da incessante renovação! Ponderemos a palavra do Apóstolo da Gentilidade, para extrair-lhe o conteúdo divino!... Há milênios a Natureza espera a compreensão dos homens. Não se tem alimentado tão somente de esperança, mas vive em ardente expectação, aguardando o entendimento e o auxílio dos Espíritos encarnados na terra, mais propriamente considerados filhos de Deus. Entretanto, as forças naturais continuam sofrendo a opressão de todas as vaidades humanas. Isto, porém, ocorre, meus amigos, porque também o Senhor tem esperança na libertação dos seres escravizados na Crosta, para que se verifique igualmente a liberdade na glória do homem.
Conheço-vos de perto os sacrifícios, abnegados trabalhadores espirituais do solo terrestre! Muitos de vós aqui permaneceis, como em múltiplas regiões do planeta, ajudando a companheiros encarnados, acorrentados às ilusões da ganância de ordem material. Quantas vezes, vosso auxílio é convertido em baixas explorações no campo dos negócios terrestres? A maioria dos cultivadores da terra tudo exige sem nada oferecer. Enquanto zelais, cuidadosamente, pela manutenção das bases da vida, tendes visto a civilização funcionando qual vigorosa máquina de triturar, convertendo-se os homens, nossos irmãos, em pequenos moleques de pão, carne e vinho, absolutamente mergulhados na viciação dos sentimentos e nos excessos da alimentação, despreocupados do imenso débito para com a Natureza amorável e generosa. Eles oprimem as criaturas inferiores, ferem as forças benfeitoras da vida, são ingratos para com as fontes do bem, atendem às indústrias ruralistas, mais pela vaidade e ambição de ganhar, que lhes são próprias, que pelo espírito de amor e utilidade, mas também não passam de infelizes servos das paixões desvairadas. Traçam programas de riqueza mentirosa, que lhes constituem a ruína; escrevem tratados de política econômica, que redundam em guerra destruidora; desenvolvem o comércio do ganho indébito, colhendo as complicações internacionais que dão curso à miséria; dominam os mais fracos e os exploram, acordando, porém, mais tarde, entre os monstros do ódio! É para eles, nossos semelhantes encarnados na Crosta, que devemos voltar igualmente os olhos, com espírito de tolerância e fraternidade. Ajudemo-los ainda, agora e sempre! Não esqueçamos que o Senhor está esperando pelo futuro deles! Escutemos os gemidos da criação, pedindo a luz do raciocínio humano, mas não olvidemos, também, a lágrima desses escravos da corrupção, em cujas fileiras permanecíamos até ontem, auxiliando-os a despertar a consciência divina para a vida eterna! Ainda que rodeiem o campo de vaidades e insolências, auxiliemo-los ainda. O Senhor reserva acréscimos sublimes de valores evolutivos aos seres sacrificados. Não olvidará Ele a árvore útil, o animal exterminado, o ser humilde que se consumiu em benefício de outro ser! Cooperemos, por nossa vez, no despertar dos homens, nossos irmãos, relativamente ao nosso débito para com a Natureza maternal. Sempre, ao voltarmos à Crosta, envolvendo-nos em fluidos do círculo carnal, levamos muito longe a aquisição de nitrogênio. Convertemos em tragédia mundial o que poderia constituir a procura serena e edificante. Como sabemos, organismo algum poderá viver na Terra sem essa substância, e embora se locomova, no oceano de nitrogênio, respirando-o na média de mil litros por dia, não pode o homem, como nenhum ser vivo do planeta, apropriar-se do nitrogênio do ar.
Por enquanto, não permite o Senhor a criação de células nos organismos viventes do nosso mundo, que procedam à absorção espontânea desse elemento de importância primordial na manutenção das vidas como acontece ao oxigênio comum. Somente as plantas, infatigáveis operárias do orbe, conseguem retirá-lo do solo, fixando-o para o entretenimento da vida noutros seres. Cada grão de trigo é uma bênção nitrogenada para sustento das criaturas, cada fruto da terra é uma bolsa de açúcar e albumina, repleta do nitrogênio indispensável ao equilíbrio orgânico dos seres vivos. Todas as indústrias agropecuárias não representam, na essência, senão a procura organizada e metódica do precioso elemento da vida. Se o homem conseguisse fixar dez gramas, aproximadamente, dos mil litros de nitrogênio que respira diariamente, a Crosta estaria transformada no paraíso verdadeiramente espiritual. Mas, se muito nos dá o Senhor, é razoável que exija a colaboração do nosso esforço na construção da nossa própria felicidade. Mesmo em “Nosso Lar”, ainda estamos distantes da grande conquista do alimento espontâneo pelas forças atmosféricas, em caráter absoluto. E o homem, meus amigos, transforma a procura de nitrogênio em movimento de paixões desvairadas, ferindo e sendo ferido, ofendendo e sendo ofendido, escravizando e tomando-se cativo, segregado em densas trevas!
Ajudemo-lo a compreender, para que se organize uma era nova. Auxiliemo-lo a amar a terra, antes de explorá-la no sentido inferior, a valer-se da cooperação dos animais, sem os recursos do extermínio! Nessa época, o matadouro será convertido em local de cooperação, onde o homem atenderá aos seres inferiores e onde estes atenderão as necessidades do homem, e as árvores úteis viverão em meio do respeito que lhes é devido. Nesse tempo sublime, a indústria glorificará o bem e, sentindo-nos o entendimento, a boa vontade e a veneração às leis divinas, permitir-nos-á o Senhor, pelo menos em parte, a solução do problema técnico de fixação do nitrogênio da atmosfera. Ensinemos aos nossos Irmãos que a vida não é um roubo incessante, em que a planta lesa o solo, o animal extermina a planta e o homem assassina o animal, mas um movimento de permuta divina, de cooperação generosa, que nunca perturbaremos sem grave dano a própria condição de criaturas responsáveis e evolutivas! Não condenemos! Auxiliemos sempre!
A assembléia, tanto quanto nós, estava sob forte impressão.
Aniceto calou-se, contemplou com simpatia os animais e as aves próximas, como se estivesse a endereçar-lhes profundos pensamentos de amor e, a seguir, fechou o Livro Sagrado, com estas palavras:
— Observamos com o Evangelho que a criação aguarda ansiosamente a manifestação dos filhos de Deus encarnados! Concordamos que as criaturas inferiores têm suportado o peso de iniqüidades imensas! Continuemos em auxílio delas, mas não nos percamos em vãs contendas. Os homens esperam também a nossa manifestação espiritual! Desse modo, ajudemos a todos, no capítulo do grande entendimento
.



Leis Morais

Lei de Destruição

Destruição Necessária e Destruição Abusiva :

Preciso é que tudo se destrua para renascer e se regenerar. O que chamamos de destruição não passa de uma transformação, que tem por fim a renovação e melhoria dos seres vivos. Para se alimentarem, os seres vivos reciprocamente se destroem, destruição esta que obedece a um duplo fim: manutenção do equilíbrio na reprodução, que poderia tornar-se excessiva, e utilização dos despojos do invólucro exterior que sofre a destruição e que não é parte essencial do ser pensante. A Natureza cerca os seres de meios de preservação e de conservação a fim de que a destruição não se dê antes do tempo. Toda destruição antecipada obsta ao desenvolvimento do princípio inteligente. Por isso, foi que Deus fez que cada ser experimentasse a necessidade de viver e de se reproduzir. Ao lado dos meios de conservação, a Natureza colocou os agentes de destruição para manter o equilíbrio e servir de contrapeso. A necessidade de destruição não é idêntica em todos os mundos: guarda proporções com o estado mais ou menos material desses mundos. Cessa, quando o físico e o moral se acham mais depurados. Entre os homens da Terra, a necessidade de destruição se enfraquece à medida que o Espírito sobrepuja a matéria. Assim é que, como se observa, o horror à destruição cresce com o seu desenvolvimento intelectual e moral. Em seu estado atual, o direito de destruição se acha regulado pela necessidade que tem o homem de prover ao seu sustento e à sua segurança. O abuso jamais constitui direito. Toda destruição que excede os limites da necessidade é uma violação da lei de Deus. Os animais só destroem para satisfação de suas necessidades, enquanto que o homem, dotado de livre-arbítrio, o faz sem necessidade. Terá que prestar contas do abuso da liberdade que lhe foi concedida, pois isso significa que cede aos maus instintos.

Flagelos destruidores

Deus fere a humanidade por meio de flagelos destruidores para fazê-la progredir mais depressa; emprega também outros meios, mas o homem não aproveita desses meios, daí ser preciso castigar o seu orgulho e fazê-lo sentir a fraqueza. A vida terrena pouco representa com relação à vida espiritual; por isso, pouca importância têm para o Espírito os flagelos destruidores, sob o ponto de vista do sofrimento. Por ocasião das grandes calamidades que dizimam os homens, o espetáculo é semelhante ao de um exército, cujos soldados, durante a guerra, ficassem com os seus uniformes estragados, rotos, ou perdidos.
O general se preocupa mais com seus soldados do que com os uniformes deles.
Guerras

O que impele o homem à guerra é a predominância da natureza animal sobre a natureza espiritual e trasbordamento das paixões. À medida que ele progride, menos freqüente se torna a guerra. Quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus, a guerra desaparecerá da face da Terra. Grande culpado é aquele que suscita a guerra, e muitas existências lhe serão necessárias para expiar todos os assassínios de que haja sido causa, porquanto responderá por todos os homens cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.
Assassínio

Aos olhos de Deus, é grande crime o assassínio, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão. Só a necessidade de legítima defesa o pode escusar da responsabilidade. Mas, desde que o agredido possa preservar a sua vida, sem atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo. Também será escusado no caso de constrangimento pela força, como na guerra, mas será culpado das crueldades que cometa, sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.
Crueldade

A crueldade é o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má, a crueldade forma o caráter predominante dos povos primitivos, porquanto nestes a matéria prepondera sobre o Espírito. A crueldade se encontra também no seio da mais adiantada civilização, do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram verdadeiros abortos, pois Espíritos de ordem inferior podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem. Mas, desde que a prova é por demais pesada, predomina a natureza primitiva. Entretanto, como a humanidade progride, um dia esses homens desaparecerão, como o mau grão se separa do bom, quando este é joeirado. Mas desaparecerão para renascer sob outros invólucros.
Duelo

O duelo não pode ser considerado como legítima defesa; é um assassínio e um costume absurdo, digno dos bárbaros, e aquele que o praticar, conhecendo a sua própria fraqueza, será considerado um suicida. O que se chama ponto de honra, em matéria de duelo não passa de orgulho e vaidade.

Pena de Morte

Um dia, quando os homens estiverem mais esclarecidos, desaparecerá da face da Terra a pena de morte. Há outros meios de se preservar do perigo, que não matando. Demais, é preciso abrir e não fechar ao criminoso a porta do arrependimento. Jesus disse: "Quem matar com a espada, pela espada perecerá". Com efeito, a pena de talião é a justiça de Deus. É ele quem a aplica. Todos nós sofremos essa pena a cada instante, pois que somos punidos naquilo em que houvermos pecado, nesta existência ou em outra. Aquele que foi a causa do sofrimento para seus semelhantes virá achar-se numa condição em que sofrerá o que tenha feito sofrer. Este o sentido das palavras de Jesus. A pena de morte é um crime, quando aplicada em nome de Deus, e os que a impõem se sobrecarregam de outros tantos assassínios.

Lei de Conservação



Instinto e conservação

Todos os seres vivos possuem o instinto de conservação, seja qual for o grau de sua inteligência. Nuns, é puramente maquinal, racionado em outros. Todos os seres têm que concorrer para o cumprimento dos desígnios da Providência, daí porque Deus lhes outorgou o instinto de conservação. Acresce que a vida é necessária ao aperfeiçoamento dos seres. Eles o sentem instintivamente, sem disso se aperceberem.
Meios de conservação

Tendo dado ao homem a necessidade de viver, Deus lhe facultou, em todos os tempos, os meios de o conseguir. Essa a razão porque faz que a Terra produza de modo a proporcionar o necessário aos que a habitam, visto que só o necessário é útil. A Terra produziria sempre o necessário, se com o necessário soubesse o homem contentar-se. Se o que ela produz não lhe basta a todas as necessidades, é que ele emprega no supérfluo o que poderia ser aplicado no necessário. O solo é a fonte primacial donde dimanam todos os outros recursos, pois que, em definitivo, estes recursos são simples transformações dos produtos do solo. Se a uns faltam os meios de subsistência, ainda quando os cerca a abundância, deve-se atribuir isso ao egoísmo dos homens, que nem sempre fazem o que lhes cumpre. Depois, e as mais das vezes, devem-no a si mesmos. Buscai e achareis, estas palavras não querem dizer que, para achar o que deseje, basta que o homem olhe para a Terra, mas que lhe é preciso procurá-lo, não com indolência, e sim com ardor e perseverança, sem desanimar ante os obstáculos, que muito amiúde são simples meios de que se utiliza a Providência para lhe experimentar a constância, a paciência e a firmeza. Nos mundos de mais apurada organização, os seres vivos também têm a necessidade de alimentar-se, porém seus alimentos estão em relação com a sua natureza. Tais alimentos não seriam bastante substanciosos para os nossos estômagos grosseiros; assim como os deles não poderiam digerir os nossos alimentos.
Gozo dos bens terrenos

O uso dos bens terrenos é um direito de todos os homens. Deus não imporia um dever sem dar ao homem o meio de cumpri-lo. Pôs atrativos no gozo dos bens materiais, objetivando, assim, desenvolver-lhe a razão, que deve preservá-lo dos excessos.
O homem que procura nos excessos de todo gênero o requinte do gozo, coloca-se abaixo do bruto, pois que este sabe deter-se, quando satisfeita a sua necessidade.
Necessário e supérfluo

Aquele que é ponderado conhece o limite do necessário por intuição. Muitos só chegam a conhecê-lo por experiência e à sua própria custa. Por meio da organização que lhe deu, a Natureza traçou ao homem o limite das necessidades; porém, os vícios lhe alteraram a constituição e lhe criaram necessidades que não são reais. Os que açambarcam os bens da Terra para se locupletarem com o supérfluo, em prejuízo daqueles a quem falta o necessário, olvidam a lei de Deus e terão de responder pelas privações que houverem causado aos outros.
Privações voluntárias Mortificações

A lei da conservação obriga o homem a prover as necessidades do corpo, porque, sem força e saúde, impossível é o trabalho. É natural que o homem procure o bem-estar. Deus só proíbe o abuso, por ser contrário à conservação.
Há privações voluntárias que são meritórias, como a dos gozos inúteis, porque desprende da matéria o homem e lhe eleva a alma. Meritório é resistir à tentação que arrasta ao excesso ou ao gozo das coisas inúteis; é o homem tirar do que lhe é necessário para dar aos que carecem do bastante. A vida de mortificações ascéticas, se somente serve para quem a pratica e o impede de fazer o bem, é egoísmo, seja qual for o pretexto com que entendem de colori-la. Privar-se a si mesmo e trabalhar para os outros, tal a verdadeira mortificação, segundo a cariade cristã. Não é racional a abstenção de certos alimentos, pois, permitido é ao homem alimentar-se de tudo o que não lhe prejudique a saúde. Alguns legisladores, porém, com um fim útil, entenderam de interdizer o uso de certos alimentos e, para maior autoridade imprimirem às suas leis, apresentaram-nas como emanadas de Deus. A alimentação animal, com relação ao homem, não é contrária à lei da Natureza, pois, dada a sua constituição física, a carne alimenta a carne. A lei de conservação lhe prescreve, como um dever, que mantenha suas forças e saúde, para cumprir a lei do trabalho. Ele, pois, tem que se alimentar conforme o reclame sua organização.
Os sofrimentos naturais são os únicos que elevam o homem, porque vêm de Deus. Os sofrimentos voluntários de nada servem, quando não concorrem para o bem de outrem. Não se adiantam no caminho do progresso os que abreviam a vida, mediante rigores sobre-humanos, como o fazem os bonzos, os faquires e alguns fanáticos de muitas seitas. Sofrer alguém, voluntariamente, apenas por seu próprio bem, é egoísmo; sofrer pelos outros é caridade: tais os preceitos.

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3 comentários:

Anônimo disse...

Gostei muito e peço mais auxílio na questão espiritismo e "meio" ambiente, pois estou encarregado de montar o INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE, na casa espírita onde participo; pesa-me a responsabilidade, mas sinto que é preciso prosseguir. Por favor !

Anônimo disse...

Gostei muito e peço mais auxílio na questão espiritismo e "meio" ambiente, pois estou encarregado de montar o INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE, na casa espírita onde participo; pesa-me a responsabilidade, mas sinto que é preciso prosseguir. Por favor!
fclmedvet@hotmail.com

Anônimo disse...

Gostei muito e peço mais auxílio na questão espiritismo e "meio" ambiente, pois estou encarregado de montar o INSTITUTO DE MEIO AMBIENTE, na casa espírita onde participo; pesa-me a responsabilidade, mas sinto que é preciso prosseguir. Por favor !

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