- O PASSE -
(2ª parte)
Antes de quaisquer considerações a respeito das formas de aplicação do passe, convém lembrar que o passista deve, em primeiro lugar, preparar-se convenientemente, através da elevação espiritual, por meio de preces, meditação, leituras adequadas, etc. em segundo lugar, deve encarar a transmissão do passe como um ato eminentemente fraternal, doando o que de melhor tenha em sentimentos e vibrações.
A transmissão do passe se faz pela vontade que dirige os fluídos para atingir os fins desejados. Daí, concluir-se que antes de quaisquer posições, movimentos ou aparatos (aparato - s. m. Apresentação pomposa; pompa; esplendor; magnificência; conjunto de instrumentos para fazer alguma coisa; reunião de notas e outros elementos elucidativos que acompanham uma obra. (Do lat. apparatu.) exteriores, a disposição mental de quem aplica e de quem recebe o passe, é mais importante.
Deve-se, na transmissão do passe, evitar condicionamentos que se tornaram usuais, mas que unicamente desvirtuam a boa prática espírita.
Destacamos, a seguir, aquilo que o conhecimento de mecânica dos fluídos já nos fez concluir:
1) Não há necessidade do toque, de forma alguma ou a qualquer pretexto, no paciente, para que a transmissão do fluído ocorra. A transmissão se dá de aura para aura. O encostar de mãos em quem recebe o passe causa reações contrarias à boa recepção dos fluidos e, mesmo, cria situações embaraçosas que convém prevenir.
2) A imposição de mãos, como o fez Jesus, é o exemplo correto de transmitir o passe.
3) Os movimentos que gradativamente foram sendo incorporados à forma de aplicação do passe criaram verdadeiro folclore quanto a esta prática espírita, desfigurando a verdadeira técnica. Os passistas passaram a se preocupar mais com os movimentos que deveriam realizar do que com o dirigir seus pensamentos para movimentar os fluidos.
"As mãos, como verdadeiros pólos emissores de fluídos, sobressaem-se das demais partes do corpo humano, mesmo que reconheçamos o fato de outras extremidades físicas serem também sensivelmente importantes nesse mister (...), sem falar especificamente do atributo dos olhos (...), relevando contudo o ascendente da mente que é, definitivamente, a vera diretriz de todo processo fluídico. (...)
Desde que, como princípio espiritual, nos estruturamos no reino animal, caracterizamos nossas mãos principalmente como veículo táteis de relação com o mundo, por meio das quais damos e recebemo, tocamos, apalpamos, alisamos, sentimos... Daí, a necessidade da movimentação das mãos ser, por vezes, necessária (pelo menos até que adquiramos o domínio do direcionamento e da movimentação puramente mental" (Jacob Melo - O Passe - Nota da coordenação GEAL)
4) Não há posição convencionada para que o beneficiado deva postar-se para que haja a recepção dos fluídos (pernas descruzadas, mãos em concha voltadas para o alto, etc). O importante é a disposição mental para captar os fluidos que lhe são transmitidos e não a posição do corpo.
5) O médium passista transmite o fluido, sem a necessidade de incorporação de um espírito para realizar a tarefa. Daí decorre que o passe de ser silencioso, discreto, sem o balbuciar de preces, a repetição de “chavões” ou orientações à guisa (s. f. (p. us.) Modo; maneira; jeito. (Do germ. wisa.) de palavras sacramentais.
6) O passe deve ser realizado em câmara para isso destinada, evitando-se o inconveniente de aplicá-lo em público, porque, além de perder em grande parte seu potencial pela vã curiosidade dos presentes e pela falta de harmonização do ambiente, foge também à ética e à discrição cristãs. A câmara de passes fica constantemente saturada de elementos fluídico-espirituais, permitindo um melhor atendimento aos necessitados e eliminando fatores de dispersão de fluídos que geralmente ocorre no “passe em público”.
7) Devem-se evitar os condicionamentos desagradáveis, tais como: estalidos de dedos, palmas, esfregar as mãos, respiração ofegante, sopros, etc.
8) Antigamente, quando se acreditava que o passe era simplesmente transmissão magnética, criaram-se certas crendices que o estudo da transmissão fluídica desfez, tais como: necessidade de darem-se as mãos para que a “corrente” se estabelecesse; alternância dos sexos para que o passe ocorresse; obrigação do passista de livrar-se de objetos metálicos para não “quebrar a corrente”, etc.
9) Estamos mergulhados num “mar imenso de fluidos” e o médium, à medida que dá o passe, carrega-se automaticamente de fluidos salutares. Portanto, nada mais é que simples condicionamento a necessidade que certos médiuns passistas apresentam de receberem passes de outros médiuns ao final do trabalho, afirmando-se desvitalizados. Poderá haver cansaço físico, mas nuca desgaste fluídico, se o trabalho for bem orientado.
10) O passe deve ser dado em ambiente adequado, no Centro Espírita. Evitar o passe a domicílio para não favorecer o comodismo e o falso escrúpulo dos que não querem ser vistos numa casa espírita porque isso abalaria sua “posição social”. Somente em casos de doença grave ou impossibilidade total de comparecimento ao Centro é que o passe deverá ser dado, “por uma pequena equipe”, na residência do necessitado, enquanto perdurar o impedimento que o mantém sem condições de comparecer à Casa Espírita.
11) A transmissão do fluído deve ser feita de pessoa a pessoa, devendo-se evitar práticas esdrúxulas de dar-se passes em roupas, toalhas e objetos pertencentes ao paciente, bem como não há necessidade alguma de levar-se a sua fotografia para que seja atendido à distância.
12) Não existe um número padronizado de passes que o médium poderá dar, acima do qual ele estará prejudicando-se. A quantidade de passes transmitidos poderá levar o médium a um cansaço físico mas nunca à exaustão fluídica, se o trabalho for bem orientado, pois a reposição de fluidos se dá automaticamente à medida que médium vai atendendo os que penetram a câmara de passes.
Exteriorização e Atmosfera Psíquica
O Espírito André Luiz no Livro psicografado por Francisco Cândido Xavier de nome “Mecanismo da Mediunidade” (Cap. IV), esclarece sobre o “hálito mental...” Articulando, ao redor de si mesma, as radiações das energias funcionais das agregações celulares do campo físico ou do psicossomático, a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, em cuja tessitura circulam as irradiações que lhe são peculiares. Contém elas as essências e imagens que lhes configura os desejos do mundo íntimo, em processo espontâneo de auto-exteriorização, atuando sobre os que com ela se afinem e recolhendo atuação dos simpáticos.(Pg.85). Sempre que pensamos, expressando o campo íntimo na ideação e na palavra, na atitude e no exemplo, criamos formas-pensamentos ou imagens-moldes que arrojamos para fora de nós, pela atmosfera psíquica que nos caracteriza a presença. (Pg.86).
Lei da Sintonia
Sintonia significa entendimento, harmonia, compreensão, ressonância ou equivalência. Sintonia é um fenômeno de harmonia psíquica, funcionando à base de vibrações. A lei de reciprocidade impera em todos os acontecimentos da vida. Contamos com as entidades e núcleos de pensamentos, com os quais nos colocamos em sintonia. O pensamento é idioma universal, compreendendo-se que o cérebro ativo é um centro de ondas em movimento constante, estamos sempre em correspondência com o objeto que nos prende a atenção.
Recebemos variados apelos nascidos do campo mental de todas as inteligências encarnadas e desencarnadas que se afinizam conosco, tentando influenciar-nos através das ondas inúmeras dos diferentes pensamentos. Em relação à mediunidade, devemos ressaltar a questão de sintonia. “Atraímos os Espíritos que se afinizam conosco, tanto quanto somos por eles atraídos; e se é verdade que cada um de nós somente pode dar conforme o que tem, é indiscutível que cada um recebe de acordo com aquilo que dá”. (Livro Nos Domínios da Mediunidade).
Percepção e Absorção Fluídica
A organização do complexo mediúnico funciona como um aparelho receptor nos domínios da radiofonia. A emissão mental condensa o pensamento e a vontade do emissor e envolve o médium em profusão de raios que lhe alcançam o campo interior, primeiramente pelos poros, que são miríades de antenas. Essas expressões apóiam-se nos centros do corpo espiritual, que funcionam como condensadores e atingem o sistema nervoso.
O cérebro onde se processam as ações e reações mentais, que determinam vibrações criativas, através do pensamento ou palavra. Tais estímulos se expressam ainda pelo mecanismo das mãos e dos pés, sentidos e órgãos que trabalham como condutores transformadores e analistas, sob o comando da mente “. (Livro Nos Domínios da Mediunidade)”.
Os pensamentos agem e reagem uns sobre os outros, através de incessante corrente de assimilação e o intercâmbio de alma para alma é constante e obrigatório.
“Todos respiramos num oceano de ondas mentais, com o impositivo de ajusta-las em beneficio próprio. Vasto mar de vibrações permitidas. Emitimos forças e recebemo-las. O pensamento vige na base desse inevitável sistema de trocas”.
Querendo ou não, afetamos os outros e os outros nos afetam, pelo mecanismo das idéias criadas por nós mesmos. Daí o imperativo de compreensão, simpatia, aprovação e apoio que todos carecemos, para que a tranqüilidade nos sustente e equilíbrio a fim de que possamos viver proveitosamente.”(Livro – Sinal Verde – Espírito André Luiz – Introdução)”.